
Em entrevista na segunda-feira (27) ao Roda Viva, programa da TV Cultura, o rapper Emicida disse que não aceitaria um encontro com Jair Bolsonaro. “Os valores que o Bolsonaro defende são completamento contrários a tudo que eu acredito”, afirmou.
Ele reiterou que tais características não estão conectadas, “de maneira nenhuma”, aos valores humanísticos do movimento. “O hip hop é para que as pessoas se sintam incluídas e parte de um todo”, acrescentou.
Além da pergunta feita pelo jornalista Alexandre de Maio, editor do portal Catraca Livre, Emicida também levantou reflexões sobre o movimento Hip Hop, mobilizações antirracistas e avaliou a situação política atual do país.
Ainda respondendo ao questionamento de Maio, o artista resgatou referências do Hip Hop, como o rap, que para ele é uma grande movimentação coletiva com valores humanísticos e de viés político.
“Eu acho que a gente não deve perder essa característica política, de maneira nenhuma, porque na história do Brasil nós temos um elemento muito interessante. O Rap é o primeiro interlocutor entre a intelectualidade produzida pelo movimento negro e classe trabalhadora de uma maneira massiva. Então eu conheci a história de Zumbi dos Palmares, de Abdias do Nascimento, através das letras e dos discos do Racionais, do DMN, que eram artistas, mas também eram ativistas. Tinham uma posição muito próxima dessa militância”, afirmou Emicida.
Coalizão Negra por Diretos
Signatário do manifesto elaborado pela Coalizão Negra por Direitos, Emicida avaliou a iniciativa, à luz da trajetória da população negra no Brasil, ao responder pergunta de Pedro Borges, editor do portal Alma Preta, sobre a contradição do discurso democrático em uma sociedade racista.
“É muito importante que a gente entenda como a nossa legislação, como o nosso judiciário, como o nosso sistema social, nosso convívio em sociedade percebe as pessoas não brancas. Essas pessoas são consideradas pessoas que estão protegidas na democracia?”, provoca ele, que conclui: “Essas pessoas são o perfil do suspeito e não perfil de cidadão”.
De acordo com o rapper, “a democracia brasileira é sabotada pelo racismo todos os dias”, e, acrescenta que o “manifesto produzido pela Coalizão provoca a sociedade brasileira a refletir e se mover nesse sentido.
Com informações do Catraca Livre