
Após o economista e empresário Adriano Pires anunciar que não seria mais o presidente da Petrobrás, o governo Jair Bolsonaro correu para articular a indicação de um perfil menos polêmico. O escolhido foi o químico e militar José Mauro Ferreira Coelho, atual presidente do conselho de administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA).
Coelho já defendeu a chamada paridade de preços de importação (PPI), que atrela o preço dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional, além da privatização de partes da estatal.
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Em entrevista à TV Brasil no ano passado, o químico disse que a PPI é necessária para garantir o abastecimento no país.
“Temos que ter os preços no mercado doméstico relacionados aos preços de paridade de importação. Se assim não fosse, não teríamos nenhum agente econômico com aptidão ou com vontade de trazer derivados para o país”, falou à época.
É importante destacar que a PPI é apontada como a principal causa da alta da gasolina e do diesel no país.
Sobre a venda de partes da Petrobrás, Coelho afirmou durante audiência pública virtual realizada pela Câmara dos Deputados, também em 2021, que a medida é positiva. Ele disse que assim, a Estatal pode focar seus esforços em extrair petróleo, abrindo espaço para outras empresas atuarem no refino de combustível no Brasil.
Nome com menor expressão para não criar problemas
Depois da situação polêmica envolvendo o economista e empresário Adriano Pires, o governo optou por alguém de menor expressão pública. A escolha parece ser uma estratégia para evitar problemas.
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Ao contrário de Pires, que é um dos principais executivos do mercado petroleiro no Brasil, Coelho tem pouca experiência no setor privado. Ele ocupou o cargo de secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME) até outubro do ano passado.
Ele saiu do ministério para buscar “novos desafios na iniciativa privada brasileira”, mas terminou por voltar a presidência do conselho de administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA).
A PPSA é a estatal responsável por representar o governo em contratos de partilha da produção do pré-sal, que dão à União parte do petróleo extraído.
José Mauro já foi também diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), onde atuou de 2007 a 2020. A estatal é voltada a estudos sobre energia elétrica, combustíveis e temas relacionados.
Coelho é graduado em Química Industrial, com mestrado em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Tem doutorado em lanejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde já deu aulas
Derrotas eleitorais
Em 2006, José Mauro Coelho foi candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSDB, mas obteve 1.437 votos e não foi eleito. Naquela eleição, “prof. José Mauro” declarou um patrimônio de pouco mais de R$ 82,4 mil.
Do montante, R$ 80 mil eram de um apartamento financiado pela Caixa Econômica Federal no bairro da Pechincha, zona oeste do Rio. Os outros $ 2 mil diziam respeito a uma participação que ele mantinha na empresa Cage Consultoria Empresarial.

A Cage hoje é considerada inapta pela Receita Federal por omissão de declarações ao fisco e Coelho já não aparece mais no quadro societário da empresa. Em 2018, Coelho recebeu a Medalha Tiradentes, comenda mais importante do Poder Legislativo fluminense.