Pesquisa aponta que começa a faltar comida nas periferias
Com queda expressiva na renda, 8 entre cada 10 moradores das periferias brasileiras sofrem com a lentidão do Governo Federal e 13% têm comida para menos de dois dias. Outros 60% tem alimento armazenado para menos de uma semana.
Com a redução e a paralisação das atividades nas grandes metrópoles, também a qualidade da alimentação é afetada pela queda na renda, apontou a Pesquisa Data Favela/Locomotiva, divulgada pela Folha de São Paulo.
E mesmo com tantas dificuldades, 71% dos moradores dessas comunidades não concordam com o presidente Jair Bolsonaro, quando ele estimula a população a deixar o isolamento imposto contra a epidemia da Covid-19, pontua o jornal.
Entretanto, a Pesquisa Data Favela/Locomotiva, em 269 comunidades, revela que mesmo sem querer, em uma semana, muitos moradores, 56%, poderão ser obrigados a sair de suas casas atrás de trabalho ou ajuda.
Das pessoas que moram em comunidades carentes, 55% têm trabalho remunerado; e dois terços delas se dizem muito preocupados em perder seus empregos e bicos.
Hoje, vivem nas favelas brasileiras cerca de 13,6 milhões de pessoas, que antes da epidemia, movimentavam, mensalmente, mais de R$ 10 bilhões.
A letargia do Governo Bolsonaro diante da situação emergencial torna ainda mais difícil a vida nessas comunidades. Prova disso é a demora em pagar o auxílio emergencial. A previsão de pagamento da renda mínima emergencial, após a abertura do cadastro na terça-feira (7), é para a próxima semana.
Lideranças populares em ação
Em outro âmbito, enquanto governos municipais e estaduais não ampliam a distribuição de cestas básicas, as lideranças populares entraram em ação e estão montando grandes operações logísticas para captar e distribuir alimentos.
Empresas como a JBS, Natura, Ambev, Casas Bahia, Assaí Atacadista e Marisa, entre outras, já doaram 600 toneladas de alimentos e itens como de higiene e limpeza para a Central Única de Favelas (Cufa), que está montando centros de distribuição em 24 estados.
A CUFA não para nenhum segundo! Em todo território nacional estamos nos esforçando para ajudar a população mais afetada por toda essa crise. Se liga no resumo do dia pic.twitter.com/5EnKIjVhjV
— CUFA Brasil (@CUFA_Brasil) April 5, 2020
Outro agravante, mostrou a pesquisa, é a logística pela dificuldade de fazer as doações de cestas básicas, por exemplo, chegarem até as comunidades.
“Por isso, não há dúvida de que a melhor forma de evitar o risco de contaminação é pela distribuição de renda direta aos moradores. Ganham o varejo local, os moradores e a saúde de todos”, defendeu Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Nas periferias vive a maior parte dos cerca de 13,5 milhões de brasileiros na extrema pobreza, que passam o mês com menos de R$ 145 -obtidos quase sempre em trabalhos precários.