
Em um país em que uma mulher é estuprada a cada 10 minutos e outra é morta a cada sete horas pelo fato de ser mulher, o Brasil vive sob a tutela de um governante misógino que faz questão de mostrar seu desprezo pelas brasileiras. Apesar de, em raríssimas ocasiões ligadas à questões eleitorais, tentar reverter a forma com que trata as mulheres, Jair Bolsonaro (PL) é um desserviço às nossas vidas no Brasil.
O orçamento de combate à violência de gênero do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, foi cortado ao patamar mais baixo desde que tomou posse.
Para 2022, são apenas R$ 48 milhões previstos para este ano. No ano passado, foram 61 milhões; em 2020, R$ 132 milhões; e em 2019, R$ 72 milhões.
Agora, temendo que seu desprezo pelas mulheres o prejudique nas urnas, ele resolveu fazer uma ofensiva para se aproximar delas e tentar apagar toda uma vida marcada pela propagação do machismo.
Convidou mulheres para o hasteamento da bandeira, em Brasília, e Michele Bolsonaro convidou as jornalistas presentes para um café da manhã.
A ideia é reverter a rejeição feminina, confirmada, por exemplo, pela última pesquisa PoderData, realizada de 27 de fevereiro a 1º de março deste ano. A maior parte do eleitorado feminino desaprova sua gestão. São 55% contra ante 32% a favor.
Quando questionado, aliás, sobre a rejeição feminina, Bolsonaro fez o de sempre: atacou e não apresentou soluções.
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“Segundo pesquisa, a maioria das mulheres vota na esquerda. Eu não sei, pesquisa a gente não acredita. Mas se há reação por parte das mulheres, faz uma visitinha a Pacaraima, em Boa Vista, nos abrigos. Veja como estão as mulheres lá, fugindo do paraíso socialista defendido pelo PT”, vociferou o ex-capitão ao se referir às refugiadas que chegam ao Brasil vindas da Venezuela.
Bolsonaro descobre que mulheres menstruam
Depois de vetar o projeto que criava o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, Bolsonaro assinou decreto que prevê a distribuição gratuita de absorventes e outros itens de higiene, nesta terça (8).
Na época em que vetou a distribuição, porém, Bolsonaro mentiu para se justificar. Afirmou que a fonte dos recursos para arcar com o programa não havia sido indicada na proposta aprovada pelo Congresso.
Diferente do que consta no texto, que prevê recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, Bolsonaro teme mais uma derrota no Parlamento. Baixou o decreto de distribuição de absorventes há dois dias da sessão do Congresso Nacional que pode derrubar, justamente, o veto dele à proposta aprovada no ano passado.
O novo decreto foi assinado pelo presidente dois dias antes da sessão do Congresso Nacional que poderá analisar o veto de Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes.
Prejuízos da misoginia aos cofres públicos
Por conta de declarações misóginas de Bolsonaro, trazem prejuízos que acabam por serem arcados pelos cofres públicos.
A União foi condenada a pagar indenização de R$ 5 milhões e destinar R$ 10 milhões para campanhas de conscientização sobre os direitos femininos.
O motivo foram declarações de Bolsonaro contra mulheres como quando ele afirmou a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha, que ela “queria dar o furo”, após ser questionado sobre irregularidades em sua campanha eleitoral.
Em outra ocasião, em 2019, o atual ocupante do Planalto conclamou os adeptos do turismo sexual.
“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, disse no queria seria uma oposição a um suposto ‘turismo gay’ no Brasil.
Também em 2020, determinou a revogação de nota técnica do Ministério da Saúde que, entre outras coisas, tratava de abortos em casos previstos na legislação.
“No que depender de mim, não terá aborto”, afirmou em claro confronto não apenas ao direito da mulher decidir sobre seu corpo e sua vida, mas também à legislação.
Pobre empresariado
Bolsonaro sempre fez questão de expor seu machismo e atacar as mulheres como parte de sua estratégia política. Foi, aliás, uma de suas aberrações verborrágicas que o fizeram crescer a partir de 2014, quando ele disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que não a estupraria porque ela “não merece”.
No mesmo ano, afirmou ter “pena dos empresários” ao contratarem mulheres.
“Porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade’…”, afirmou ao jornal Zero Hora desconsiderando que o processo reprodutivo é primeiro passo que garante a criação de mão de obra em qualquer lugar do mundo.
Bolsonaro também já foi acusado de ameaçar sua ex-mulher, Ana Cristina Valle, suspeita de operar o esquema das rachadinhas nos gabinetes de Flavio e Carlos Bolsonaro nos legislativos cariocas.
Em 2018, vieram à tona relatos de que Ana Cristina Valle teria ido para a Noruega, em 2009, para fugir de Bolsonaro. Reportagem da Folha trouxe a denúncia à tona e foi confirmada pelo Itamaraty à época.
Candidata a deputada federal e usando o sobrenome Bolsonaro na disputa, Ana Cristina tentou amenizar e afirmou que o episódio teria sido superado.
Com informações do Metrópoles, O Globo, Carta Capital e Conjur