Por: Domingos Leonelli
![](https://www.socialismocriativo.com.br/wp-content/uploads/2023/05/download-1.jpeg)
O governo de Lula, através do próprio e do ministro Alexandre Padilha, está assumindo uma atitude muito correta com o Movimento Sem Terra. Destaque-se aí a designação do MST para participar do Conselho de Desenvolvimento, o chamado Conselhão. É um reconhecimento importante do papel do MST na vida política do País.
O MST é uma das poucas, senão a única organização revolucionária com capacidade de intervenção real, no Brasil. Claro que existem outros pequenos grupos e partidos que defendem a revolução. Mas só retoricamente.
O MST começou por revolucionar a luta pela Reforma Agrária num país em que quase 90% da população mora nas cidades. Trouxe para as ruas das grandes, médias e pequenas cidades, a bandeira da Reforma Agrária com um marketing moderno e eficiente. Marchas, propaganda e ocupações de terras do governo e dos latifúndios improdutivos.
Demonstrou que não se limitava a agitação e propaganda e transformou as ocupações em áreas produtivas. Adotou técnicas produtivas saudáveis de alimentos orgânicos, livre dos agrotóxicos. Entrou nos circuitos modernos de comercialização através da internet e de lojas físicas nas cidades. Criou, enfim, uma “práxis” revolucionária concretamente transformadora.
Nos acampamentos, nas ocupações e fora deles, não se descuidou da educação e da formação técnica. Compreendeu, mais que muitos partidos de esquerda, a importância da formação de quadros políticos. E investe permanentemente nisso inclusive com a Escola Florestan Fernandes.
O MST aprendeu, também, que nos processos revolucionários democráticos e modernos, existem momentos de ruptura e negociação. E aos longos dos anos vem negociando com governos, instituições públicas e privadas nacionais e internacionais.
Não sendo um partido, o MST é, sem dúvida, um ator político de importância no Brasil.
Mais do que ao PT, o partido mais próximo do MST, a movimentação da direita visa o próprio MST com a criação da CPI.
E embora aparentemente seja a bancada do Agronegócio, a principal interessada, será à direita como um todo a principal beneficiária. E até setores do centro fisiológico e patrimonialista desejoso de nacos mais suculentos do Governo Lula.
Assim a movimentação pela CPI do MST é do interesse da direita brasileira que teme o compromisso revolucionário, amplo censo. e não insurrecional, do MST.
Sem pretender ensinar missa aos vigários do Governo e do MST penso que nem o Governo deve ceder à chantagem, nem o MST deve apressar as ocupações que não teve condições de realizar nos últimos 4 anos de Bolsonaro.