Por Domingos Leonelli*
Pelo menos uma coisa ficou clara neste triste episódio da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em que Donald Trump mais uma vez escanteou Jair Bolsonaro: a justificativa de fundo apresentada pelo secretário-geral adjunto da entidade, Ludger Schuknecht: “O modelo de crescimento que impulsionou a economia brasileira no passado está exaurido.[…] Alguns dos propulsores do crescimento no passado não estarão presentes no futuro. O boom de commodities do qual o país se beneficiou acabou. Novos mecanismos para aumentar a produtividade precisam ser encontrados”.
Esses mecanismos não se encontram no modelo econômico da segunda revolução industrial vigente no país que teve um grande valor até os anos 1980 de século XX.
Ocorre que estamos no século XXI e o Brasil precisa do “agiornamento” (atualização) preconizado pelo último Congresso Nacional do PSB em março de 2018, que indica a Inovação e a Economia Criativa como eixos estratégicos para um novo modelo de desenvolvimento. O PSB é o primeiro partido político brasileiro a adotar esse ponto como estratégia e não como penduricalho programático do tipo “valorizar a ciência e a tecnologia, a cultura, o turismo”, setores que já representam quase 9% do PIB, mas que têm apenas 1% do Orçamento da União nos últimos governos.
Embora continue importante, a indústria manufatureira deixou de ser o setor mais dinâmico da economia. Se quisermos nos incluir nas cadeias de valor global, precisamos passar a produzir mercadorias de alto valor agregado, a desenvolver fortemente nossas áreas de tecnologia da informação e comunicação, no design nacional, na criação de softwares comercializáveis mundialmente, na efetiva valorização da economia da cultura e do turismo, mobilizando investimentos públicos e privados para essas áreas.
* Diretor do site Socialismo Criativo e presidente do Instituto Pensar