A julgar pelas campanhas publicitárias de televisão, os candidatos a presidente da República e a governador dos estados, na verdade, são candidatos a monarcas absolutistas com todos os poderes em suas mãos. Vão acabar com a fome, revolucionar a educação, controlar a violência, garantir safras abundantes, zerar impostos… só faltam prometer uísque nas torneiras. E os candidatos a deputado, meros auxiliares a recitar rapidinho seus próprios nomes e números.
Eles que determinam o tempo de TV de cada partido aparecem aos olhos dos publicitários meros atrapalhadores das campanhas. Muito mal lhes é permitido o número e anunciar o seu apoio aos candidatos a cargos executivos. Ficam entre o patético e o ridículo absoluto.
Os partidos políticos e seus programas são considerados como bobagens, solenemente ignorados. Na sua esmagadora maioria, transformados em números para as urnas eletrônicas. Única exceção é o PT cujo programa também ninguém conhece, mas pelo menos tem o legado dos governos de Lula como referência.
E, mesmo as candidaturas com maior consistência programática, como a de Ciro Gomes, o programa é de Ciro e não do PDT.
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Ou seja, quase todos os partidos são siglas com três letras que pouca gente sabe o que significam e números que serão esquecidos logo após as eleições.
Uma das propostas do novo programa do PSB, longamente discutido e aprovado por mais de mil delegados no seu XV Congresso da Autorreforma, propõe no capítulo referente à reforma política a separação das eleições legislativas proporcionais das eleições para cargos executivos de prefeito, governador e presidente. Propõe também a redução do número de partidos com representação real no Congresso Nacional e o voto distrital misto.
Sabemos que os partidos passam por crises de identidade em boa parte do mundo. Mas até agora não inventaram uma democracia sem partidos.