Pároco responsável pela Pastoral do Povo de Rua – entidade referência nas ações sociais em São Paulo –, Júlio Lancelotti denunciou nesta terça-feira (15) que vem sofrendo ‘graves ameaças’ durante atendimento de pessoas em vulnerabilidade na capital paulista.
“Passou uma moto e o cara falou: ‘padre filho da puta que defende noia’. Depois dos ataques de alguns candidatos à Prefeitura contra mim, estou cada vez mais em risco”, disse o padre, em um vídeo publicado em suas redes sociais. “Se me acontecer alguma coisa, se alguém me atingir, se eu for atingido por alguém, vocês sabem de quem é a culpa, de quem cobrar. O risco que estou correndo é cada vez maior e a responsabilidade vocês sabem de quem é.”
Lancelotti se referia diretamente ao candidato do Patriota à Prefeitura de São Paulo, o deputado estadual Arthur do Val, conhecido como ‘Mamãe Falei’. Avesso as ações humanitárias, o aspirante a prefeito tem dirigido críticas públicas ao padre para divulgar uma das bandeiras de sua campanha: acabar com a Cracolândia.
No sábado (12), sem citar o nome de Do Val, Julio Lancelotti escreveu nas redes sociais que um “candidato a prefeito” estava filmando ação da Guarda Civil Metropolitana na Cracolândia. “Como sabia do ataque?”, escreveu.
Mesmo sem ser citado diretamente, Mamãe Falei se reconheceu nos comentários do religioso. “O que o Padre Lancellotti faz é deplorável. A Igreja Católica tem uma linda histórica e não pode ficar à mercê de um cafetão da miséria. Nunca ameacei ninguém, nem ele. Ele é uma das maiores farsas do Brasil, em breve vocês saberão! Vou desmascarar esse Padre”, escreveu Do Val em um tuíte.
Na segunda, Arthur do Val afirmou que, caso eleito, despacharia do local, onde há grande concentração de moradores de rua, “até que a situação se resolva”. O candidato ainda tem feito críticas recorrentes ao atendimento de ONGs e setores da Igreja Católica e aponta políticas públicas “ineficientes” como responsáveis pela “degradação” do centro da capital de São Paulo.
Reações
Ao tomarem conhecimento das ameaças, políticos saíram em defesa do pároco e uma campanha foi lançada nas redes para reforçar apoio a Lancelotti.
Líder do PSB na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (RJ) foi um deles. “Todo meu apoio ao Padre Julio Lancellotti, que está sendo vítima de ameaças por ajudar os mais necessitados. O ódio e a falta de humanidade não vão vencer! Continue firme! Estamos juntos!”, disse.
Henrique Fontana (PT-RS) classificou como ‘grave’ a denúncia. “Denúncia grave! Neste vídeo, o padre Julio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo denuncia, sem citar nomes, que tem recebido ameaças. ‘Se me acontecer alguma coisa, vocês sabem de quem é a culpa'”, alertou o deputado.
Orlando Silva, candidato do PCdoB à prefeitura de São Paulo, não poupou na reprimenda ao candidato do Patriotas. “É inadmissível que o oportunista Arthur Do Val, atrás de 15 minutos de fama, atice suas falanges contra o padre Júlio Lancelotti, que é um exemplo de devoção aos mais necessitados. Não dá mais para ‘dar a outra face’ aos canalhas! Para tudo há limites! Conte conosco, Padre Júlio!”.
Já o candidato do PSOL à Prefeitura paulistana, Guilherme Boulos usou as redes sociais para prestar solidariedade. “‘Padre filho da **** que defende nóia’. Hoje um sujeito em uma moto ameaçou o Padre Júlio Lancelotti no centro. Esse é o resultado da campanha de difamação nas redes contra seu trabalho com a população em situação de rua em SP. Toda solidariedade ao Padre!”, declarou.
Com informações do UOL