A oficialização de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal nesta terça-feira (28) rendeu mais uma avalanche de críticas a Jair Bolsonaro. Homem de confiança do presidente e de seus filhos, Ramagem passa, a partir de hoje, a comandar a instituição que investiga a participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no esquema criminoso de fake news. O inquérito está sendo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a nomeação, Ramagem passa a substituir Maurício Valeixo, demitido na semana passada contra a vontade do agora ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. A demissão de Valeixo, segundo o Moro, foi a gota d’água para que ele tomasse a decisão de deixar o Governo. Durante o pedido de renúncia do cargo, Moro fez uma série de acusações que apontam crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro.
Valeixo
Autor do primeiro pedido de CPI para investigar as acusações feitas por Moro, o deputado federal Aliel Machado (PSB-PR) entrou com um pedido de suspensão da demissão de Valeixo.
“Estamos em duas frentes: a primeira é a CPI. A outra é o pedido na Justiça Federal para que seja suspenda a demissão do diretor-geral da PF. Estamos trabalhando em duas vertentes para que a PF tenha autonomia e independência que ela tanto necessita, tão importante para o país. E, paralelo a isso, as investigações de interferência política que são gravíssimas feitas pelo ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro”, apontou Aliel.
Reproduzindo uma das últimas entrevista do ex-secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, na qual ele comenta a falta de controle do presidente sobre seu filho 02, Pedro Uczai (PT-RS) afirmou que a nomeação é parte do projeto do clã Bolsonaro.
“Dias antes de morrer, ex-ministro [Gustavo] Bebianno denunciava o gabinete do ódio de Carlos Bolsonaro e a ideia de criar uma Abin [Agência Brasileira de Inteligência] paralela. Hoje, um amigo pessoal dos Bolsonaro chefia a Polícia Federal. É a materialização do que ele afirmava”, disse o deputado.
PSOL
Deputada pelo PSOL, Sâmia Bonfim (SP) lembrou que a nomeação acontece justo quando o cerco se fecha contra a família. “Alexandre Ramagem foi nomeado diretor-geral da Polícia Federal por indicação de Carlos Bolsonaro, justo no momento em que o cerco ao gabinete do ódio está se fechando. Apresentamos ação para reverter essa inaceitável interferência política na PF”, em referência ao pedido do partido, que tenta revogar a indicação.
PDT
Hoje, além do PSOL, o PDT deu entrada num mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a posse de Ramagem. Uma das alegações que sustentam o pedido é a declaração de Sérgio Moro de que o presidente pretendia interferir politicamente na PF, aliada ao fato de que Ramagem tem ligações pessoais e diretas com a família do presidente.
Sobre o documento apresentando, o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, afirmou que o “papel é proteger as instituições de Estado, como a Polícia Federal. Para que o Governo Bolsonaro não impeça investigações, conforme denúncias de seu ex-ministro Moro”, disse, em suas redes oficiais.
Caso Queiroz
Repercutindo a visita de Frederick Wassef, que advoga para Flavio Bolsonaro no caso Queiroz, Marcelo Calero (Cidadania-RJ) também não poupou na crítica ao presidente. “Recebeu o advogado ontem e resolveu formular essa versãozinha cínica e mentirosa. Mas não tem jeito: vai pagar pelos seus crimes, Jair Bolsonaro. Todos eles”, disse o parlamentar.