O centenário do educador Paulo Freire foi lembrado em seminário promovido pelas comissões de Legislação Participativa; de Cultura; de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (20). Patrono da Educação Brasileira, pela Lei 12.612/12, Paulo Freire é reconhecido mundialmente, sendo nomeado doutor por várias universidades estrangeiras.
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A realização do seminário foi proposta pelos parlamentares socialistas Lídice da Mata (PSB-BA) e Danilo Cabral (PSB-PE), além das deputadas Luiza Erundina (Psol-SP) e Marília Arraes (PT-PE). “O objetivo é discutir a atualidade e a profundidade da produção teórica e do exemplo de vida de Paulo Freire”, justificam as deputadas e o deputado. Dia 19 de setembro foi celebrado o centerário de nascimento do educador.
Durante o seminário, o líder do PSB na Câmara, Danilo Cabral (PE) destacou que o educador representa a antítese da máquina desumana, ignorante e autoritária que está no poder. “A ideia de uma educação crítica e transformadora, voltada à formação de cidadãos conscientes, sempre foi vista como ameaça pelas elites”, afirmou o socialista.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) ressaltou a importância de render homenagens a Paulo Freire, sobretudo em tempos tão sombrios da história brasileira.
Os deputados que participaram do evento citaram obras de Freire como “Pedagogia do Oprimido”, que parte da conscientização dos estudantes e dos professores sobre a realidade em que eles estão inseridos.
Paulo Freire participou da elaboração de um Plano Nacional de Alfabetização para o governo João Goulart, que não chegou a sair do papel porque o regime militar veio em seguida, em 1964, e o educador teve que ficar 15 anos fora do país. De volta ao Brasil, Freire iniciou trabalho como secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo, em 1989, no governo de Luiza Erundina, hoje deputada federal pelo Psol.
Paulo Freire morreu em 1997 aos 75 anos. A viúva do educador, Nita Freire, disse que o marido era uma “alma generosa”. “Paulo tomava a experiência, a vivência, porque ele nunca trabalhou ideias, Paulo trabalhou a vida das pessoas, a sua própria vida”, declarou.
Lisete Arelaro, doutora em Educação, trabalhou com Paulo Freire em São Paulo e destacou a importância da gestão democrática da educação para ele. “Uma das primeiras atividades que Paulo Freire teve foi criar um pequeno vídeo chamado ‘aceita um conselho?’. Tinha aquele sentido dúbio sobre ao mesmo tempo dar um conselho e criar um conselho na escola de caráter deliberativo. Para que, de forma inovadora, pais, mães, avós, comunidade pudessem participar de uma forma mais interessante, mais ativa, mais construtiva na escola”, contou.
Paulo Freire ganhou vários prêmios, entre eles o de Educação para a Paz, título dado em 1986 pela Unesco. Segundo Nita Freire, ela foi comunicada de pelo menos 80 eventos no Brasil em celebração ao centenário. Ela deixou o seminário da Câmara mais cedo para participar virtualmente de mais uma homenagem na Universidade de Barcelona, na Espanha.
Com informações da Agência Câmara de Notícias