
Adotando a rápida postura de transformar os ex-aliados em traidores, como ocorreu com Sérgio Moro e outros tantos ex-aliados, as redes sociais bolsonaristas entraram em campanha para justificar a troca no comando da Petrobras. Às custas da desvalorização de mais de R$ 100 bilhões da estatal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou o general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco.
A deixa para o início da campanha contra Castello Branco foi dada pelo próprio Bolsonaro, que questionou o fato do ex-presidente da Petrobras – cuja idade é uma incógnita, embora se saiba que tem mais de 60 anos e, portanto, pertence ao grupo de risco para a doença – trabalhar em home office desde o início da pandemia, em encontro com apoiadores na manhã de segunda (22). “Está há 11 meses em casa, sem trabalhar”, afirmou.
Horas após a fala do chefe do Executivo, começaram a circular em grupos de WhatsApp um texto do site “Agenda do poder” que questiona mudança na política de remuneração dos executivos da empresa feita em 2019, sob o título; “VERGONHOSO! Roberto Castelo Branco se autoconcedeu bônus milionário na Petrobras”.
“Liberal em temas de interesse social, Castelo Branco transmuta-se num empedernido autoritário, quase um stalinista, quando o assunto é bônus da diretoria”, diz o site.
De fato, a gestão Castello Branco promoveu mudanças na política de remuneração da estatal. No entanto, não houve à época críticas públicas de Bolsonaro nem de sua base de apoio em redes sociais. Em nota divulgada na terça-feira (23), a Petrobras destacou também que a política de bônus foi aprovada pelo próprio governo em assembleias de acionistas da estatal.
Publicações do mesmo teor são, porém, incentivadas por aliados e apoiadores de Bolsonaro. Pela sua rede social, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, pede a apoiadores que publiquem “matéria explicando os MOTIVOS REAIS da demissão do Presidente da Petrobras”, abrindo espaço para a divulgação do texto da “Agenda do Poder”.
Além disso, as deputadas federais Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) compartilharam vídeo em que o comentarista Caio Coppolla, da rede CNN, compara os salários de Bolsonaro e Castello Branco.
O fantasma do PT
Outras teorias vêm sendo espalhadas, principalmente pelo WhatsApp, é que o aumento do preço dos combustíveis é um plano de petistas infiltrados na Petrobras para causar uma revolta popular e paralisar o Brasil com nova greve dos caminhoneiros.
Os bolsonaristas também funcionários da estatal de serem ligados ao petista José Dirceu e se aliaram aos governadores para elevarem os preços dos combustíveis e ajudarem os estados com o aumento da arrecadação do ICMS.
Em publicação no Twitter, Zambelli reforçou o discurso de que o PT ainda tem poder na empresa. “Um bom dia para comprar ações da Petrobras. Só aguardando a alta que terá depois que o General Luna e Silva limpar toda a petezada que infelizmente ainda está lá.”
Com informações da Folha de S. Paulo