
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil precisa “tirar o petróleo” do subsolo rapidamente para usar os recursos em investimentos, educação e tecnologia antes que a Petrobras passe a valer nada. Isso, referiu-se o ministro, porque o mundo caminha no sentido da descarbonização de fontes de energia até 2050.
Na defesa pela venda da estatal, ele ainda destacou uma fala recente do presidente Jair Bolsonaro sobre o governo estudar a privatização, para justificar a forte alta nos papeis da companhia na Bolsa nesta segunda-feira.
“A Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos. E o que nós fizemos? Deixamos o petróleo lá em baixo com um monopólio, uma placa de monopólio estatal em cima. O objetivo é tirar esse petróleo o mais rápido possível e transformar em educação, investimento, treinamento, tecnologia”, afirmou durante evento de lançamento do Plano de Crescimento Verde nesta segunda-feira.
O governo avalia encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei que, na prática, permite a privatização da Petrobras, de acordo com integrantes da equipe econômica. O texto permitiria a venda de ações da estatal de modo que o governo perca o controle da empresa.
O tema foi mencionado por Bolsonaro durante uma entrevista a uma rádio nesta segunda. Para Guedes, a fala do presidente é a responsável pela elevação dos papeis da Petrobas, que subiram 6% na Bolsa.
“Bastou o presidente falar ‘vamos estudar’, e o negócio sai subindo e aparece R$ 100 bilhões. Não dá pra dar R$ 30 bilhões para os mais frágeis num momento terrível como esse, se basta uma frase do presidente para aparecer R$ 100 bilhões, brotar no chão de repente. Por que nós não podemos pensar ousadamente a respeito disso?”
Bolsonaro também volta a falar em privatizar Petrobras
Depois do novo aumento dos combustíveis, anunciado na segunda-feira (25), Jair Bolsonaro voltou a ventilar a possibilidade de privatizar a Petrobras. Porém, afirmou que não é um processo rápido.
Em vez de elaborar uma política que evite os constantes reajustes no preço dos combustíveis, o presidente prefere pensar em vender a empresa petroleira.
“Isso entrou no nosso radar. Mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, que é pegar a empresa botar na prateleira e amanhã quem der mais leva embora. É uma complicação enorme. Ainda mais quando se fala em combustível. Se você tirar do monopólio do Estado, que existe, e botar no monopólio de uma pessoa particular, fica a mesma coisa ou talvez até pior”, destacou Bolsonaro, em entrevista à rádio Caçula, de Três Lagoas (MS).
Não é a primeira vez que o presidente fala em privatizar a empresa. O assunto sempre esteve nos planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas não tinha sido analisado por Bolsonaro até o momento.
O presidente já declarou, em outubro, que “tem vontade” de privatizar a Petrobras e ressaltou que vai avaliar com a equipe econômica o que pode fazer neste sentido.
Inflação
Bolsonaro, como vem fazendo com frequência, usou a entrevista para se queixar das críticas que tem recebido por conta do aumento da inflação. Contudo, deixou claro que não vai interferir em preços.
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“Eu não sou malvado, eu não quero aumento de combustível, mas é uma realidade. O mundo todo está sofrendo com a economia neste pós-pandemia. Eu não quero aumentar o preço de nada, mas eu não posso interferir em nada”, afirmou, novamente fugindo de sua responsabilidade em relação à péssima situação econômica do país.
O reajuste
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (25) que aumentará mais uma vez os preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras. Segundo comunicado da estatal, o reajuste começará a valer a partir de terça-feira (26).
Com isso, o preço médio de venda da gasolina vendido pela estatal passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,21 por litro (alta de 7,04%). Já o litro do diesel A passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,28 por litro (alta de 9,15%).
Com informações do jornal O Globo