
Estimular a candidatura de mulheres negras e aumentar a presença do segmento em cargos do legislativo e do poder executivo. Esse é o eixo de ação proposto pela Plataforma Antirracista nas Eleições (Pane), lançada pelo Instituto Marielle Franco.
A iniciativa, composta por uma série de ações que visam pressionar partidos a viabilizarem candidaturas de mulheres negras, quer promover a ocupação de espaços de decisão nas eleições municipais de 2020. Mirando na superação de diversas formas de opressão, a Pane cobra e atua para que sejam ampliadas candidaturas que defendam políticas antirracistas, feministas e em defesa da população LGBTQIA+.
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Entusiasta do projeto, Anielle Franco, diretora executiva do instituto, lembra do legado da vereadora Marielle Franco, sua irmã, na política.
“Ela virou símbolo da ocupação da política por parte de mulheres negras, populações periféricas e faveladas, e LGBTQIA+. O seu assassinato dois anos depois fez com que tivesse um aumento histórico de candidaturas de mulheres negras, que foram consideradas sementes de Marielle. Contudo, apesar do processo histórico, existem barreiras estruturais que impedem o acesso a recursos e segurança igualitários para estas candidaturas”, afirma Anielle ao Alma Preta.
O primeiro mandato de Marielle na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro seria concluído neste ano.
Mulheres negras nas eleições 2016

Resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, nas últimas eleições municipais (2016) não foram identificadas candidaturas negras em 2.512 (45%) dos 5.538 municípios brasileiros. Naquele pleito, mulheres negras foram apenas 652 (0,13%) das candidatas a cargos majoritários. Atualmente, apenas 3% das prefeituras são chefiadas por mulheres negras.
“Queremos ocupar espaço para que esse cenário não seja institucionalizado e naturalizado na política brasileira”, diz Anielle.
De acordo com Anielle, a democracia e seu sistema político, erguidos em bases racistas, precisam ser revisados diante das lutas antirracistas.
“São mais de cinco séculos de violências e desigualdades raciais, de gênero, de classe. O sistema político é um dos grandes reflexos dessa estrutura racista, elitista e patriarcal. Nós sabemos que com racismo não há democracia. Não podemos ficar de braços cruzados, é urgente que a gente se mobilize por eleições antirracistas”, considera.
O Instituto Marielle Franco e a Educafro, em parceria com o Movimento Mulheres Negras Decidem, integram iniciativa da Coalizão Negra Por Direitos junto ao TSE por “Eleições Antirracistas”.
Com informações do Alma Preta