
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tergiversou, evitou acusar diretamente, mas, no final das contas, afirmou que os atos terroristas ocorridos no Brasil, entre eles a invasão dos palácios em 8 de janeiro, tiveram, de alguma forma, a mão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com ele, Bolsonaro, que é líder de um segmento de direita, infelizmente “não foi capaz de conter o extremismo desse movimento dele, [que foi] capaz de fazer coisas como [as que] aconteceram no dia 8 de janeiro. Eu não vou ter a leviandade de afirmar alguma responsabilidade direta sobre os atos, porque isso depende de uma apuração”.
O presidente do Senado, no entanto, deixa claro que, “em termos de movimento político, o presidente Jair Bolsonaro foi incapaz de conter o radicalismo, o extremismo daqueles que o admiram. E esse era o papel de um grande líder político que se impunha: conter espírito antidemocrático, conter ações antidemocráticas e esse radicalismo que se vê hoje, raivoso, com bastante ódio, desrespeito às instituições e às pessoas”, alerta.
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“Estimulou a divisão”
Sempre contido, o presidente do Senado disse também que “em alguns momentos, o comportamento dele na Presidência da República estimulou a divisão e a separação da sociedade brasileira, quando, por exemplo, agrediu o Supremo Tribunal Federal, os seus ministros”.
“Então foram comportamentos evitáveis para um presidente da República e que podem ter sim estimulado essa divisão no Brasil, a ponto de se ter o extremismo que culminou no ato de 8 de janeiro”, concluiu.
Bolsonaro é evitado por ex-aliados que foram aos EUA
Menos de um mês após deixar a Presidência e fugir para os Estados Unidos para evitar passar a faixa para o sucessor, Lula, Jair Bolsonaro (PL) se tornou uma presença “tóxica”, segundo reportagem de Thiago Amâncio, na edição desta quinta-feira (26) da Folha de S.Paulo, e foi ignorado até mesmo por aliados próximos que estiveram na Flórida durante as férias.
O apresentador do SBT, Carlos Ratinho Massa passou o mês de janeiro em uma casa no mesmo condomínio onde está a mansão de José Aldo, onde Bolsonaro está hospedado, mas não visitou – e disse que não teve nem mesmo interesse em visitar – o aliado, para quem fez campanha em 2022.
“Acho que ele está aqui descansando, acho que veio para se afastar das pessoas, por que eu iria lá incomodar? Tem [muita gente lá na porta], mas são os fanáticos, aqueles que não têm oportunidade de falar com ele. Eu tenho a oportunidade de falar com ele a hora que eu quiser”, disse o apresentador do SBT à Folha.
Aliadas de primeira hora, as deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP) também estiveram em Miami na última semana, mas não procuraram o ex-presidente.