
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, terão de explicar por que o diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk, está trabalhando há nove meses de Boston (EUA), quando o cargo para o qual foi contratado exige sua presença no Brasil.
O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), protocolou na última terça-feira (24) dois pedidos na Procuradoria-Geral da República e no Tribunal de Contas da União solicitando justificativas e a apresentação de documentos que autorizaram o diretor a trabalhar no país.
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“Eu quero melhores explicações de como é que o Banco Central autoriza que um diretor seu more em outro país e continue tomando as decisões estratégicas para a economia do Brasil. Isso é uma contradição, até porque os EUA são concorrentes nossos em diversos setores da economia. Como uma pessoa que tem um cargo desses está morando lá? Tinha que estar morando aqui, muito bem cuidado, ganhando um bom salário, porque o papel dele é muito importante. Se ele está nesse cargo deve ter competência para isso, mas não posso concordar que ele more em outro país”, disse o deputado.
De acordo com informações do site Congresso em Foco, o Ministério da Economia recomendou buscar respostas no Banco Central. A Autarquia, porém, não respondeu à solicitação da reportagem.
Na semana passada o Uol mostrou que a ausência de Fabio Kanczuk tem incomodado membros do Banco Central que, nos bastidores, reclamam da falta de contato mais direto com o executivo.
Viagens ao exterior
Nos requerimentos, o parlamentar questiona as viagens do diretor ao Brasil para que participasse presencialmente das reuniões do Copom.
“Se houve qualquer pagamento pelo Poder Público no que se refere às vindas do Sr. Fabio Kanczuk ao Brasil, seja para atendimento presencial das reuniões do Copom, seja por quaisquer outros motivos vinculados ao exercício do cargo, no período em que se encontra em trabalho remoto nos EUA, informar quais foram essas despesas, discriminando por tipo, valor, data e justificativa para o dispêndio de dinheiro público”, dizem os documentos.
O pedido ainda pergunta se Fabio Kanczuk realiza alguma espécie de “serviço ou aperfeiçoamento relacionado com a atividade fim do órgão ou entidade, de necessidade reconhecida pelo Ministro de Estado” e se o diretor “possui ou desempenha alguma atividade, de caráter profissional, remunerada ou não, nos Estados Unidos”.
Ministério da Economia e Banco Central têm 30 dias para dar uma resposta aos questionamentos do deputado. Caso se neguem, não atendam à solicitação ou prestem informações falsas podem incorrer em crime de responsabilidade. De acordo com Enio Verri, somente após a manifestação dos órgãos é que o PT vai tomar ou não providências sobre o caso.
Com informações do Congresso em Foco