
Após um ano da pandemia de Covid-19 e mais de 220 mil mortes no país, a atuação do ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Eduardo Pazuello, é desaprovada por quase 80% (78,5%) dos médicos entrevistados em pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB).
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Uma pesquisa anterior, promovida pela Associação Paulista de Medicina (APM), mostrou que em abril do ano passado, ainda sob o comando de Luiz Henrique Mandetta e com o país contabilizando pouco mais de 2 mil mortos, a aprovação batia 72%. Foram ouvidos quase 4 mil médicos de todas as regiões do país por meio de questionário on-line.
“Logo que o Mandetta saiu, a aprovação despencou e se mantém nos mesmos patamares até hoje, em torno de 16%. Essa divergência de diretrizes e protocolos, autoridades defendendo suposições, tratamentos sem evidência, isso provoca muita confusão, deixa os médicos perdidos”, diz o médico César Eduardo Fernandes, presidente da AMB.
Consequências da gestão Pazuello
Contudo, mais de um quarto dos médicos entrevistados ainda acredita que a cloroquina e a ivermectina são medicamentos eficazes para os sintomas iniciais da Covid. E 15% apostam na ivermectina, um vermífugo, como prevenção.
Inúmeros estudos científicos já demonstraram que eles não funcionam para prevenir ou tratar a Covid-19.
Na pesquisa, 13,8% dos médicos consideraram a ‘dexametasona’ como opção para o tratamento dos sintomas iniciais da doença. Outros 8,8% citaram os anticoagulantes (como a heparina) para esse fim. Ambos só são indicados em quadros mais graves da Covid, quando há comprometimento pulmonar igual ou superior a 50%, que exigem internação.
“Não há um alinhamento dos médicos. Isso tudo deveria estar em protocolo do Ministério da Saúde muito bem escrito como se fosse a bíblia”, diz Fernandes.
Situação hospitalar
A maioria dos médicos entrevistados (64%) relata deficiências de pessoal, protocolos e equipamentos nos serviços de saúde onde atuam.
“Nós começamos a pandemia com muita precariedade, em dado momento isso se atenuou um pouco, mas o enfrentamento ainda é insuficiente, não consegue suprir as demandas mínimas necessárias para um atendimento digno”, afirma o presidente da AMB.
Um terço dos entrevistados (32,5%) reclama de falta de profissionais (médicos, enfermeiros entre outros), 27,2% de ausência de diretrizes e protocolos de atendimento e 20,3%, falta de leitos regulares e/ou de UTI. Já a escassez de máscaras, luvas, aventais, óculos, proteção facial, álcool em gel e/ou outros materiais básicos ainda é problema para 16,7% dos profissionais.
Cerca de 16% se queixam da falta de testes de diagnóstico para confirmar a Covid-19 nos pacientes que buscam atendimento. Outros 13% dizem que só há testes disponíveis para doentes que manifestarem sintomas graves da doença.
Para ver todas as informações da pesquisa, veiculada pela Folha de S. Paulo, clique aqui.
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