![queiroga](https://www.socialismocriativo.com.br/wp-content/uploads/2021/09/Design-sem-nome-2021-09-14T152641.225.png)
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira (16) que a aplicação da vacina contra covid-19 em adolescentes foi feita de maneira “intempestiva” e criticou estados por não seguirem as orientações federais. Ele usou como uma das justificativas para a decisão o caso de um óbito de um adolescente, embora não haja nenhuma prova de que a morte do jovem tenha relação com a imunização.
Outro argumentos para o recuo na previsão de vacinar todos os adolescentes, Queiroga citou a decisão do Reino Unido de não vacinar todos a faixa etária entre 12 e 15 anos. A recomendação britânica foi tomada com base em um efeito colateral raríssimo provocado pela vacina da Pfizer: uma inflamação no coração chamada de miocardite. O governo britânico diz que vai aguardar mais estudos.
Por outro lado, o próprio ministro disse que já há indicações de que o risco de miocardite associado à Covid é maior do que o associado à vacinação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comunicou em julho que acompanhava os relatos de miocardite, sobretudo nos mais jovens após a segunda dose, mas esclareceu que mantinha a recomendação da imunização com a vacina da Pfizer. Na mesma época, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que os casos eram raros e que os benefícios superavam os riscos.
Leia também: Bolsonaro insiste em ir à 76ª Assembleia-Geral da ONU sem se vacinar
“Estados e municípios iniciaram essa vacina antes, até no mês de agosto, vacina que era para começar ontem”, disse ele durante entrevista coletiva. “Como conseguimos coordenar a campanha dessa forma?”.
Segundo Queiroga, estados estariam aplicando vacinas de outros fabricantes além da Pfizer, que é o único autorizado pela Anvisa para menores de idade.
“Sigam a recomendação do Plano Nacional de Imunização (PNI), não apliquem vacinas que não têm autorização da Anvisa”, disse. “Não vamos aceitar isso. Temos compromisso com todos os brasileiros, mas em especial com os adolescentes, que são o futuro dessa nação”.
Segundo ele, quase 3,5 milhões de adolescentes já receberam o imunizante. “Três milhões e meio que receberam a vacina de forma intempestiva”, classificou.
De acordo com um gráfico exibido durante a apresentação, foram aplicadas mais de 26 mil doses de vacinas que não foram autorizadas para adolescentes. Também foram registrados nove casos de jovens que tomaram três doses da vacina. Segundo os dados apresentados na coletiva, São Paulo e Rio de Janeiro foram os estados que mais aplicaram vacinas em jovens entre 12 e 17 anos de idade.
Nesta quarta-feira (15) à noite, a pasta suspendeu a vacinação para adolescentes sem comorbidades. Alguns estados já estavam aplicando o imunizante nessa população, enquanto outros previam começar hoje.
A nova orientação prevê que a vacina só seja aplicada em pessoas entre 12 e 17 anos que tenham “deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade”.
A decisão estaria embasada nas orientações da OMS de não recomendar a imunização desse grupo, pelo número baixo de casos graves e pelos poucos estudos sobre a vacinação nessa faixa etária.
A nota também cita que houve redução na média móvel de casos e mortes por covid, o que torna o cenário epidemiológico menos perigoso para os adolescentes sem comorbidades.
O anúncio da suspensão ocorre em meio a falta de estoque de certas vacinas em alguns pontos do Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, até então, era favorável à vacinação de adolescentes e havia previsto o início da imunização para todos os jovens assim que os adultos tivessem a primeira dose.
A prefeitura de São Paulo e do Rio disseram que vão manter a vacinação de adolescentes sem comorbidades, apesar da recomendação do ministério.
Outros países aplicam a vacina contra covid-19 em adolescentes, como os Estados Unidos, Chile, Israel, França e outros.
Com informações do Uol