Vira e mexe o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Fabrício Queiroz, chama a atenção nas redes sociais. Envolto em escândalos e denúncias de corrupção relacionadas ao clã Bolsonaro, ele voltou. Desta vez, publicou um vídeo em tom claramente eleitoral em que aparece de sunga com o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), e o chama de “irmão”.
Ele também foi notícia nesta quarta-feira (12). Após rumores de queria disputar uma vaga de deputado federal, a ideia não foi bem recebida nem mesmo pelo PTB, quem está com o seu ex-presidente Roberto Jefferson preso. Queiroz, inclusive, disse que Jefferson é “um verdadeiro patriota”.
Membros do partido no Rio de Janeiro, segundo a Veja, avaliam que o bolsonarismo pretende desovar seus candidatos problemáticos ou sem voto nos partidos que dão sustentação ideológica ao governo.
Os escândalos de Queiroz, ex-policial militar envolvido com o clã Bolsonaro por mais de 30 anos, reforçam as suspeitas em torno da família presidencial.
Faz três que os cheques depositados por Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Passado todo esse tempo, nem Queiroz nem Jair Bolsonaro explicaram porque cheques que totalizaram R$ 89 mil, entre 2011 e 2016.
Extratos bancários comprovam que foram ao menos 21 cheques foram depositados na conta de Michelle. Ela recebeu de Queiroz três cheques de R$ 3 mil em 2011, seis cheques no mesmo valor em 2012 e mais três de R$ 3 mil em 2013.
Em 2016, foram mais nove depósitos, totalizando R$ 36 mil. Os cheques teriam sido compensados em 25 de abril, 19 e 23 de maio, 20 de junho, 13 de julho, dois em 22 de setembro, 14 de novembro e 22 de dezembro.
Bolsonaro alegou que Queiroz era de confiança e que o dinheiro era para ele. O que continua a não explicar de onde veio o dinheiro e porque foi parar na conta de Michelle.
Queiroz preso e AI-5
Em junho de 2020, Queiroz foi preso em Atibaia (SP), apontado como operador do esquema das rachadinhas no gabinete de Flavio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Quando foi preso, Queiroz estava em um imóvel do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.
Além dos frequentes churrascos relatados pela vizinhança do imóvel, a polícia encontrou uma bandeira do Brasil e a mensagem “AI-5” sobre a lareira da casa de Wassef.
O AI-5 é o Ato Institucional 5, o mais duro da ditadura militar, baixado em 1968. Foi esse ato que resultou no fechamento do Congresso, na cassação de mandatos e na suspensão de garantias constitucionais.
Especialmente, o deputado Eduardo Bolsonaro costumava fazer insinuações de que seu pai poderia fazer o mesmo contra seus opositores.
Queiroz em liberdade
Embora o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) tenha apresentado duas denúncias contra Queiroz e Flávio, o ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu que o MP-RJ deverá apresentar nova denúncia contra o hoje senador para que as investigações do caso tenham prosseguimento.
O MP-RJ também suspeita que Queiroz tenha operado o mesmo esquema das rachadinhas no gabinete do vereador Carlos Boolsonaro.
Ameaças à democracia para apaziguar
No auge dos atos antidemocráticos convocados por Bolsonaro no último 7 de setembro, Queiroz foi às ruas em defesa da pauta bolsonarista em favor do golpe que o atual ocupante do Planalto ensaiava dar no país.
Aparentemente, as relações entre Queiroz e os Bolsonaro estava mais perto de se apaziguar.
Isso porque, dois meses antes, Queiroz foi às redes sociais criticar aliados de Bolsonaro em seu perfil no Facebook, em julho do ano passado.
Sempre poupando o presidente, ele compartilhou uma foto publicada três anos antes pelo deputado Hélio Lopes (PSL-RJ). Na imagem em que aparecia o parlamentar e dois assessores, Queiroz compartilhou a seguinte legenda:
“É ! faz tempo que eu não existo pra esses 3 papagaios aí ! ( águas de salsichas) literalmente!!! Vida segue. “
Depois da repercussão, Queiroz apagou a publicação.
Depois, ele tentou disfarçar. Disse que a publicação era uma isca para “pegar petista” em seu perfil. Não explicou, porém, porque apagou postagem após o furor que causou.
Queiroz se disse ameaçado de morte
Mais que isso, em entrevista ao SBT em novembro de 2021, disse ter saído do Rio de Janeiro com medo de ser morto. O que segundo ele, seria para incriminar Bolsonaro.
“Queriam me matar, tem que ficar bem enfatizado isso, porque eu ia ser queima de arquivo pra cair na conta do presidente, como aconteceu com o capitão Adriano, aquilo foi pra jogar na conta do presidente, aquilo não foi auto de resistência da polícia, aquilo ali foi execução. Eu trabalhei com ele, eu sei que se ele estivesse armado, ele matava uns 10”, disse.
Com informações do O Globo, CNN, g1 e Uol