
O ex-presidente Michel Temer (MDB), que traiu o governo a que pertencia e tramou o golpe contra a então presidenta em 2016, Dilma Rousseff, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que “povo na rua” é a única maneira de levar ao impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo o ex-presidente, “o Congresso não derruba ninguém sozinho”. Temer disse que na época em que assumiu a presidência haviam protestos, mas que foram de menor intensidade.
“Quem derruba presidente não é o Congresso, é o povo nas ruas. Povo nas ruas sensibiliza o Congresso, que acaba acolhendo a manifestação da rua. Veja, eu tive aquelas tais denúncias, não aprovaram porque não tinha povo na rua”.
Michel Temer
Em entrevista publicada na quarta (7), Temer também disse não achar “útil” o início do processo de impeachment agora.
“Se formos cronometrar, vai levar oito, nove meses, chegando nas eleições. Vale a pena? Convenhamos, o pessoal que apoia o presidente é tão ou mais ativo do que do PT”.
Michel Temer
Temer defende semipresidencialismo
Nos últimos meses, diversas cidades do Brasil organizaram grandes protestos para pedir o impeachment de Bolsonaro. Em meio às denúncias de corrupção e irregularidades envolvendo compras de vacinas, as manifestações ganharam alcance internacional.
Como uma alternativa de superar o atual sistema “roto e esfarrapado” brasileiro, o ex-presidente defende o semipresidencialismo. A forma de governo consiste no Chefe de Estado partilhando o poder executivo com um primeiro-ministro e um gabinete.
“Você dá atribuições ao presidente, mas só tem governo, com primeiro-ministro indicado por ele, se tiver maioria parlamentar. Mas tem de ser semi, não parlamentarismo puro, porque o brasileiro quer eleger o presidente, quer o ver com poder”.
Michel Temer
O ex-chefe do Executivo diz que as discussões sobre a adoção do semipresidencialismo começaram durante seu governo.
“Isso começou no meu governo, conversando com o ministro Gilmar Mendes, que era presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Discutimos sobre a ideia de mudar o sistema de governo, em face da experiência que eu tive, inclusive, por ter trazido o Congresso para governar comigo”.
Michel Temer
Sobre as próximas eleições para presidente, Temer acredita que o novo chefe de Estado precisa ser experiente, mas nega participar da corrida presidencial: “Já fiz de tudo,” disse.
Com informações da Folha de S.Paulo