
Protagonistas de uma sequência de desentendimentos há seis anos, os primos João Campos (PSB), de 27 anos, e Marília Arraes (PT), de 36 – ambos deputados federais por Pernambuco e herdeiros políticos da família Arraes -, chegam hoje ao segundo turno da disputa pela Prefeitura de Recife em situação de empate técnico, em uma das disputas mais acirradas do País.
Segundo registra o Estadão, além da briga pelo poder local, está em jogo uma demonstração de forças nacional entre duas legendas do campo da esquerda que preparam terreno para 2022: a aliança PSB-PDT e o PT – que conta tem apoio do PSOL na capital pernambucana.
Leia também: Nos últimos 3 dias, Campos impõe 26 derrotas a Marília na Justiça
Diferentemente de São Paulo, onde a maioria dos quadros e partidos de esquerda declarou apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) e passou a falar em “grande frente progressista”, em Recife, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou para Marília enquanto Ciro Gomes (PDT), subiu no palanque de Campos.
A disputa será voto a voto. Pesquisa Ibope divulgada nesse sábado (28) aponta que Campos e Marília estão empatados em 50% – a margem de erro é de três pontos porcentuais e o levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número PE02002/2020. Em relação ao levantamento anterior do instituto, de quarta passada, Campos recuou um ponto porcentual e Marília subiu também um, ainda se for considerado somente os votos válidos.
Na campanha, a petista afirmou que seu concorrente, se eleito, seria um “fantoche” da mãe, Renata Campos – viúva do ex-governador Eduardo Campos e aliada do atual prefeito, Geraldo Julio (PSB), e do hoje governador do Paulo Câmara (PSB). Marília chegou, mês passado, a chamar o primo de “frouxo” e sugeriu que ele estava se escondendo atrás da vice, Isabella de Roldão (PDT), para criticar as propostas petistas.
Já Campos tem adotado um forte tom antipetista e chegou a dizer, durante um debate, que o PT não pode reclamar de corrupção porque não é possível contar nos dedos a quantidade de pessoas da sigla que foram presas sob acusações de desvios. Sua propaganda citou nomes de petistas como José Dirceu, Gleisi Hoffman e Aloizio Mercadante, afirmando que eles “querem voltar”.
Embora Campos tenha, em 2018, apoiado Fernando Haddad ainda no primeiro turno da disputa presidencial e participado de agendas com Lula antes de sua prisão, a estratégia agora é atrair os eleitores antipetistas, já que 200 mil eleitores votaram em Mendonça Filho (DEM) e 112 mil optaram pela Delegada Patrícia (Podemos) – os dois se recusaram a declarar apoio no segundo turno.