A Fundação João Mangabeira (FJM) promoveu uma Roda de Conversa, na noite desta segunda-feira (23), para debater os resultados da Autorreforma do PSB, aprovada durante o XV Congresso Nacional do partido, realizado no final de abril, em Brasília.
Membro da Comissão de Sistematização da Autorreforma, o socialista Sinoel Batista fez um panorama de todo o processo de autocrítica e atualização do programa partidário desenvolvido pelo PSB ao longo de dois anos e meio.
A Autorreforma teve início em 2019, durante o Congresso do PSB, no Rio de Janeiro, e partiu da avaliação do presidente Carlos Siqueira, de que a vitória de Jair Bolsonaro (PL) revelava os equívocos cometidos pela esquerda quando esteve no poder.
Coerência
A partir daí o partido chegou à conclusão que não seria coerente propor mudanças para o Brasil se não fizesse a sua própria autocrítica.
Foi um longo processo de discussões entre os socialistas em todo o país. As teses foram debatidas durante os congressos municipais e estaduais do partido, além de seminários e lives realizadas com especialistas de dentro e fora do partido.
Todas as contribuições foram recebidas e sistematizadas ao longo dos livros, que culminou com a aprovação por unanimidade durante o congresso do PSB, que se transformou no Congresso Constituinte da Autorreforma.
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Sinoel explica que a comissão também se debruçou sobre as ações dos partidos políticos mundo afora em busca de novas formas do fazer político. Republicanos, democratas e progressistas dos Estados Unidos, além de partidos ingleses, escandinavos, portugueses, espanhóis e, no Oriente, a China.
Foi daí, inclusive, que saiu a ideia de numerar as teses em debate.
Atualização para o presente e o futuro
“O novo PSB saiu do XV Congresso com um documento extremamente atualizado, com dose de realismo e compreensão da realidade muito profunda, com ânimo renovado mas, ao mesmo tempo, com uma dose muito importante de utopia, que é um dos papeis que o partido tem”, avalia Sinoel.
Por isso, Sinoel observa que um dos pilares do Socialismo Criativo é o investimento pesado em educação e na reindustrilização criativa da indústria, por exemplo. E para que isso seja possível, é imprescindível um plano nacional de desenvolvimento.
“Se o Brasil não tiver um projeto nacional de desenvolvimento, fica à mercê da estratégia de desenvolvimento de outras nações”, enfatiza o socialista.
Redução das desiguldades
Sinoel destaca que o PSB defende a reidustrilização moderna do Brasil, muito diferente da industrialização da década de 1970.
Ele lembra que seis bilionários brasileiros possuem riqueza equivalente ao patrimônio de 100 milhões de pessoas mais pobres e os 5% dos mais ricos detém a mesma fatia dos demais 95% da população.
“E, o mais grave, uma mulher trabalhadora que ganha um salário mínimo mensal precisa trabalhar 19 anos para receber o que uma pessoa rica ganha durante um mês. A estruturação das teses de macroeconomia do XV Congresso tem a missão de olhar pra isso. E essa utopia que o PSB preconiza: é preciso e possível mudar. Não podemos perder a capacidade de sonhar com uma sociedade mais justa e mais fraterna”, avalia o socialista.
Nesta terça-feira (23) e quarta-feira (24) as rodas de conversam continuam, a partir das 20h, nos canais da FJM.