Quais os impactos econômicos da pandemia do coronavírus sobre as tradicionais festas de São João, especialmente no Nordeste brasileiro? Há soluções para mitigar esses efeitos negativos da pandemia sobre os festejos tradicionais do mês de junho? Esse é o propósito da audiência que será realizada na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados a pedido da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA). O requerimento da socialista para realização do debate foi aprovado nesta terça-feira (30) pelo colegiado.
São João é festejado Brasil afora
Há grandes festivais juninos espalhados pelo Brasil. No Rio de Janeiro o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão, estimula as práticas culturais da região Nordeste ao longo de todo o ano. Em São Paulo, tanto na capital quanto em cidades do interior, há tradicionais festejos, quermesses e concursos de quadrilhas. Até mesmo em Brasília, ocorre, anualmente, o São João do Cerrado.
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Além do forte valor cultural e social, no Nordeste, os festejos juninos também se destacam economicamente. Graças às festas de São João diversos municípios da região se consolidaram como destinos turísticos e atraem anualmente milhares de pessoas de todos os cantos do país.
No Nordeste, o São João movimenta a rede hoteleira, gera oportunidades de empregos, sustenta artistas locais e aumenta a arrecadação de impostos. Num cenário de crise – agravado pela pandemia da Covid-19 – o São João ainda é uma oportunidade para empreendedores complementarem sua renda e garantirem o sustento de suas famílias para um ano inteiro.
São João aumenta fluxo de turistas no Nordeste
Pesquisas do Ministério do Turismo indicam que o Nordeste é preferência de 42,7% dos brasileiros que planejam viajar no período de junho e julho. Com a pandemia, e a necessidade de cancelar os eventos por questões sanitárias, o ano de 2020 representou um forte baque para aqueles que mantêm laços econômicos, culturais e até mesmo afetivos com essa tradição.
Lídice argumenta que, neste ano de 2021, diante das incertezas sobre o calendário de vacinação e o aumento exponencial do número de óbitos e casos confirmados, é importante que a Comissão de Cultura possa se debruçar antecipadamente sobre o tema, não só para avaliar os impactos econômicos que serão enfrentados com a suspensão desses eventos, mas para buscar soluções para que os problemas possam ser mitigados.
Audiência convidará políticos e artistas
Para a audiência, que ainda terá data a ser definida, foram convidados: Carlos Britto, dirigente da Confederação Nacional de Quadrilhas Juninas e presidente da Federação Baiana de Quadrilhas Juninas; Armando Barros Filho (Armandinho do Acordeon), representante dos artistas de Pernambuco; representante do Observatório da Economia Criativa da Bahia, que produziu pesquisa sobre os impactos da pandemia nos festejos juninos; Adelmario Coelho, representante dos artistas do São João da Bahia; Teo Santana, representante dos empresários de entretenimento; Júlio Pinheiro, prefeito de Amargosa (BA); e Joana Alves, da Associação Cultural Balaio Junino (Paraíba).