O ministro da Saúde, Nelson Teich, cancelou nesta quarta-feira (13) o anúncio das diretrizes para iniciar a saída do isolamento estabelecido em razão da pandemia no novo coronavírus no Brasil. A coletiva de imprensa que revelaria o direcionamento da pasta teve de ser adiada porque o ministro não conseguiu apoio de representantes da saúde de estados e municípios para a decisão.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que desde o último sábado (9), “a estratégia tem sido debatida com os conselhos dos secretários de saúde estaduais e municipais, representados pelo Conass e pelo Conasems” e que o “objetivo era ter um plano construído em consenso. No entanto, esse entendimento não foi obtido nas reuniões conduzidas até o momento”.
Conass e Conasems
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) divulgaram uma nota conjunta afirmando que o momento é inoportuno para a pactuação e publicação das diretrizes sobre distanciamento social.
“Este é o momento de salvar vidas. Precisamos de um único consenso agora: a saúde e a vida das pessoas não podem esperar. União, estados e municípios devem somar esforços no enfrentamento da pandemia, para o bem de todos os brasileiros”, afirmou Alberto Beltrame, presidente do Conass.
Fritura e discordâncias
O cancelamento da coletiva ocorre ainda no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o remédio cloroquina e pediu ministros ‘afinados’ com seu discurso a respeito do medicamento.
Na terça (12), Teich afirmou, a partir de uma postagem em seu Twitter, que estudos feitos com a cloroquina têm apresentado efeitos colaterais e que a prescrição deve ser feita em comum acordo entre paciente e médico.
Estudos recentes mostraram que a medicação defendida pelo presidente não tem eficácia comprovada contra a doença e estudos apontaram que entre os principais efeitos colaterais do remédio incluem complicações cardíacas.
Outra saia-justa pública entre o presidente e o ministro ocorreu no mesmo dia, quando Teich foi pego de surpresa, tendo de responder a repórteres sobre o decreto presidencial que incluía academias, barbearias e salões de beleza entre os 57 serviços essenciais no Brasil.