
Em meio ao colapso no sistema de saúde e novas variantes da Covid-19 em circulação, o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, afirmou que se as medidas de isolamento não forem reforçadas o Brasil pode chegar a marca de 4 mil óbitos diários pela Covid-19 no fim de abril. A entrevista foi concedida ao jornal O Globo.
Nesta quinta-feira (18), a país registrou 2.659 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 287.795 óbitos. Com isso, a média móvel de mortes no país nos últimos 7 dias chegou a 2.096, novo recorde no índice.
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“Esse colapso em cascata no país inteiro aumenta a mortalidade a ponto de, se continuar tudo como está, podermos chegar em 4 mil óbitos diários no fim de abril”, afirmou o especialista.
Para conter esse avanço, Schrarstzhaupt afirma crer que é necessária uma redução da circulação de pessoas de no mínimo 60% em relação aos níveis pré-pandemia. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, vem criticando as medidas de isolamento desde o início da pandemia e reforçou seu posicionamento no pior momento da crise.
“Precisamos de medidas que restrinjam a mobilidade no mínimo 60% a menos do que vinha ficando, para começar a ter alguma redução. Isso comparando com países que fizeram isso e tiveram mais sucesso, como Alemanha, Reino Unido, Portugal. Nesses países provavelmente há menos vulnerabilidade social, menos pessoas que moram na mesma casa, então aqui teria que ser ainda mais forte.”
O coordenador explica ainda que quanto mais rígidas as restrições, menor o tempo necessário para reduzir a contaminação. “Se a gente faz medidas não tão fortes, a mobilidade não cai o suficiente para ter redução sustentada dos casos”, afirma.
Segundo Schrarstzhaupt, é necessário no mínimo 14 dias para começar a desacelerar o número de novos casos. “Com esses dias, começamos a ver redução do crescimento de casos. Mas se resolver ceder no meio do caminho, antes de ter uma queda, pode reverter a tendência e voltar a crescer. Também é preciso fazer um bom plano de reabertura, voltando aos poucos com as atividades”, explica.
A Rede Análise Covid-19 é formada por pesquisadores voluntários de diferentes estados brasileiros, que fazem a coleta, análise e divulgação de dados relacionados à pandemia. Participam cientistas de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais, entre outras.
Confira entrevista completa aqui.
Com informações do jornal O Globo