Integrantes da CPI da Pandemia no Senado condenaram o desfile de blindados realizado na Esplanada dos Ministérios, no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados pode votar a proposta do voto impresso. Ao falar como líder do MDB, o senador Eduardo Braga (AM) condenou a ação e afirmou que “todo poder emana do povo e em nome do povo será exercido”.
Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destacaram não ser a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se utiliza do cargo para tentar intimidar os parlamentares.
A CPI ouve nesta terça-feira (10) Helcio Bruno de Almeida. O tenente-coronel reformado é presidente do Instituto Força Brasil. O militar tem habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio no depoimento.
Representantes da empresa Davati no Brasil disseram que Helcio Bruno intermediou um encontro entre eles e o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco. Na ocasião, discutiu-se a compra de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca. O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Democracia é inegociável, afirma presidente da CPI
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) abriu a reunião de hoje lendo uma nota oficial em que condena o desfile de blindados realizado na Esplanada dos Ministérios. O parlamentar disse que o Brasil passa por um momento grave e o presidente comandou uma lamentável ação para intimidar parlamentares e opositores. Conforme a nota, Jair Bolsonaro tentou demonstrar força, mas evidenciou a fraqueza de um presidente acuado e acusado de corrupção.
“As forças jamais podem ser usadas para intimidar a população e adversário políticos legitimamente constituídos. Não há previsão constitucional para isso”, afirmou Omar Aziz, que disse ainda que a democracia é inegociável.
Otto Alencar diz que senadores não recuarão diante da ameaça
Ao comentar o desfile militar, o senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que não foi a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro tentou intimidar o Congresso Nacional. Mas, segundo ele, a estratégia não tem dado certo, pois os senadores não vão se intimidar e nem recuar. Para Otto, o presidente deveria se preocupar com a inflação, com as pessoas que perderam a vida na pandemia e com a geração de emprego e renda para 15 milhões de desempregados. Porém, acrescentou, nada disso o comove, apenas a necessidade de proteger o mandato.
Randolfe Rodrigues aponta conexão entre corrupção e fake news
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse aos jornalistas, antes do início do depoimento de Helcio Almeida, que espera esclarecimentos sobre “esquema de corrupção que nós descobrimos no Ministério da Saúde conectado com as fake news”.
“O presidente do Instituto Força Brasil mantém uma série de sites que fizeram campanhas contra as medidas preventivas de enfrentamento à pandemia”, afirmou.
Depoente tem muito a falar sobre fake news, afirma Renan
O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou antes do início do depoimento de hoje que o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, tem muito a esclarecer sobre fake news produzidas pela ONG Instituto Força Brasil, presidida por ele.
Para Renan, a insistência de governistas para que a CPI investigue governadores é uma tentativa de tirar o foco das apurações sobre o governo federal.
Rogério Carvalho: “Ricardo Barros tem que explicar por que foi tão citado”
Em entrevista antes do início da reunião da CPI, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que o tenente-coronel Helcio Bruno tem de esclarecer sua participação em negociações para a venda da vacina AstraZeneca ao governo. O parlamentar também falou da expectativa para o depoimento do deputado Ricardo Barros (PP-PR), marcado para esta quinta-feira (10): “Ele tem que explicar por que foi tão citado na compra de vacinas e outros insumos pelo Ministério da Saúde”.
‘Facilidade com que Davati entrava no MS é assustadora’, diz Omar
Em entrevista antes do início do depoimento de hoje, o presidente da CPI, senador Omar Aziz, lembrou que o vendedor da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, revelou à CPI que o tenente-coronel Helcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil, era quem intermediava o contato da empresa com o Ministério da Saúde.
Leia também: CPI ouve militar apontado como elo entre Davati e Ministério da Saúde
Acompanhe no Socialismo Criativo
Assista à reunião da CPI da Pandemia
Com informações da Agência Senado e do UOL