Os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, decidiram, nesta quinta-feira (10), pedir à Justiça a condução coercitiva do empresário Carlos Wizard para depor aos parlamentares. O colegiado também aprovou a quebra de sigilo telefônico e telemático de Wizard e dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Internacionais).
O empresário Carlos Wizard é apontado como integrante do “gabinete paralelo”, grupo que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas de combate à covid-19, incluindo vacinas e o uso de medicamentos sem eficácia.
A convocação do empresário foi aprovada pela CPI e está marcada para a próxima semana. Wizard, porém, ignorou os senadores e não respondeu à convocação. Por isso, os senadores recorreram à Justiça. O nome do empresário foi citado por diversas vezes entre os depoentes. O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello chegou a dizer que oferecera um cargo na pasta a Wizard, mas que ele teria recusado.
O empresário estaria vivendo nos Estados Unidos. Caso se confirme, a Polícia Federal deverá esperá-lo no aeroporto e o conduzir ao Senado. Wizard tem tentado evitar o depoimento. De acordo com o portal Metrópoles, um amigo do empresário ligou para o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). O objetivo era demover Aziz da convocação.
Plano B caso Wizard não deponha
Caso o depoimento de Carlos Wizard não ocorra, a CPI vai antecipar a oitiva do auditor Alexandre Figueiredo, suspeito de incluir uma tabela com dados falsos sobre coronavírus no sistema do Tribunal de Contas da União (TCU). O documento foi utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro para afirmar, falsamente, que metade das mais de 470 mil mortes registradas no Brasil não foram por Covid-19.
Quebra de sigilos de Wizard, Pazuello e Araújo
A CPI também aprovou a quebra de sigilo telefônico e telemático de Wizard e dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Internacionais).
Pazuello é um dos principais alvos da CPI por ter sido o ministro da Saúde durante as fases mais agudas da pandemia. Ele foi demitido do cargo em março deste ano, mentiu reiteradas vezes durante seu depoimento à comissão. Araújo, por sua vez, era o chefe do Itamaraty e ficou marcado pelas provocações à China, maior parceiro comercial do país e estratégico na exportação de insumos utilizados para produção de vacinas.
Mais sigilos quebrados
Além de Pazuello, Araújo e Wizard, foram quebrados os sigilos de outras 17 pessoas. O bolsonarista Marcos Rogério (DEM-AM) foi contra e reclamou das quebras de sigilo. Mas integrantes da comissão o acusaram de tentar “protelar” as investigações.
Entre as pessoas que terão o sigilo quebrado estão Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde conhecida como “capitã cloroquina”; Filipe Martins, assessor especial da Presidência; Nise Yamaguchi, médica defensora da cloroquina que fazia parte do chamado “gabinete paralelo”; e Francieli Fontana Fantinato, coordenadora do Plano Nacional de Imunização (PNI). Também foram aprovados a quebra de sigilo da Associação Dignidade Médica de Pernambuco e das empresas PPR, Calya/Y2 e Artplan.
“São empresas que trabalham para a Secom [comunicação do governo]. Temos certezas de algumas coisas, não dá para falar aqui, mas vamos investigar”, ressaltou Omar Aziz.
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Novos convocados
A CPI da Covid também deu aval ao agendamento de depoimentos de novas testemunhas. Entre os requerimentos aprovados, está a convocação do ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário. Como se trata de uma convocação, Rosário será obrigado a comparecer.
Já o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, foi convidado a prestar esclarecimentos — o requerimento de convite não torna a presença obrigatória. O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) também será convidado a participar.
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Com informações do Metrópoles, Uol e CNN