
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta quinta-feira (15) o procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho. O depoimento dele, pedido por Humberto Costa (PT-PE), tratará de investigações sobre suposto caso de propinas envolvendo compra de vacinas AstraZeneca.
Senah usou Força Brasil para chegar a Élcio Franco, diz Carvalho
Cristiano Carvalho disse que a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), ONG presidida pelo reverendo Amilton Gomes, utilizou o Instituto Força Brasil como “intermediário” para chegar ao alto escalão do Ministério da Saúde.
“O Instituto Força Brasil foi o braço que a Senah utilizou para chegar frente a frente com Élcio Franco”, disse.
O coronel da reserva do Exército Antônio Elcio Franco foi secretário-executivo da pasta na gestão do general Eduardo Pazuello. Segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o Instituto Força Brasil patrocina redes que divulgam fake news sobre o enfrentamento à pandemia.
Carvalho diz que foi avisado sobre ‘comissionamento’ por Rafael Alves
Em resposta a Marcos Rogério (DEM-RO), Cristiano Carvalho disse que não participou do jantar em que supostamente houve pedido de propina. Segundo o depoente, Dominguetti pediu para Rafael Alves ligar para ele avisando sobre pedido de “comissionamento” entre 25 e 26 de fevereiro.
Outro representante teria atuado em nome da Davati, diz Carvalho
Após questionamentos de Humberto Costa (PT-PE), Cristiano Carvalho informou que outra oferta de compra de vacinas por meio da Davati foi registrada em 9 de março diretamente ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Segundo o vendedor, o processo foi registrado no ministério por um representante chamado Júlio Adriano Caron, coincidindo com o mesmo período em que Cristiano e Dominguetti tentavam vender 400 milhões de doses da AstraZeneca à pasta.
Em seguida, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) apresentou requerimentos para convocação do representante citado, assim como de Silvio Bianchi e Rafael Martins Lopes. De acordo com a senadora, os três são citados pela imprensa como intermediários autorizados pela Davati a vender produtos médicos e imunizantes em nome da empresa.
Requerimentos apreciados na CPI
Também está na pauta da reunião a análise de 40 requerimentos. Os senadores querem acesso, por exemplo, ao depoimento que a diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, prestou à Polícia Federal, e ao contrato entre a Precisa e o laboratório indiano Bharat Biotech. A reunião desta quinta deve ser a última antes do recesso parlamentar, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já anunciou a prorrogação da CPI por mais 90 dias.
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CPI quer esclarecer pedido de propina
Em seu requerimento, Humberto Costa cita reportagem da Folha de S.Paulo de 29 de junho, dando conta que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propinas no valor de U$ 1 por dose de vacina. Para o senador, a denúncia é “gravíssima” e precisa ser mais investigada.
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Segundo relato feito ao jornal pelo PM Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou como representante da Davati, a proposta da propina se deu em 25 de fevereiro, em encontro com Dias no restaurante Vasto, em Brasília. Dias teria sido indicado ao cargo no ministério pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de acordo com a reportagem citada pelo senador.
Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19 por U$ 3,50, mas o preço acabou inflado para U$ 15,50, devido aos “bastidores asquerosos e tenebrosos” de Roberto Dias, segundo relato de Dominghetti na reportagem. A matéria da Folha de S.Paulo esclarece que chegou a Dominghetti devido a informação repassada por Cristiano Carvalho. Ainda segundo o jornal, o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão.
Dominghetti acabou se reunindo com Dias no ministério no dia seguinte ao encontro no Vasto, em 26 de fevereiro, quando, pelo relato do PM, a proposta de propina foi reiterada. Mas como não houve acerto, a pasta teria se desinteressado pelo negócio.
Com informações da Agência Senado