
A possível saída do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e a busca, pelo governo, de um 4º nome para ocupar a pasta repercutiu entre vários socialistas nesta segunda-feira (15). Um dos primeiros a falar a respeito, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou pelas redes sociais que Pazuello e Bolsonaro estão “jogando com vidas” e criticou o programa de vacinas instituído pelo ministro, que chamou de “bagunça”.
“Em menos de um mês, o governo alterou várias vezes o cronograma de distribuição de vacinas. Em todas as mudanças, a quantidade de imunizantes foi diminuindo: começou com 46 milhões e, agora, apenas 25 milhões”, observou.
Molon também lembrou que a médica Ludhmila Hajjar, que foi convidada para assumir a pasta e hoje descartou o convite, sofreu ataques de ódio quando bolsonaristas descobriram que ela defende o isolamento social. “Isso reforça que o problema da Saúde é Bolsonaro: enquanto o País estiver sob seu negacionismo, brasileiros continuarão morrendo aos milhares por dia”, ressaltou.
O deputado Elias Vaz (PSB-GO) repercutiu a notícia de que representantes da Comissão Arns acusaram o presidente brasileiro, na ONU, de promover “devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil”. Para o parlamentar, “bastou a pressão internacional para que o governo brasileiro mude a forma de condução da pandemia”, numa referência às negociações para troca do ministro.
Vaz ainda destacou o fato de o país ser o que “registra o maior número de mortes e de novos casos da Covid-19 por dia, resultado do negacionismo e da incompetência de Bolsonaro”.
‘Mudança precisa ser de comportamento’
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), lembrou a grande ocupação de leitos no seu estado, que chegou hoje a 90%, e as medidas que está adotando. Sobre a saída de Pazuello, em fala ao G1, ele questionou se adiantará. “Vai trocar o ministro? Não vai adiantar muito, porque o que tem que mudar é o comportamento do governo. O governo tem que passar a coordenar essa ação, o que não fez até agora. É preciso que mude, mas nós não acreditamos muito nessa mudança”, destacou.
O governador capixaba também elogiou a comissão temporária do Senado que convocou o ministro a prestar esclarecimentos sobre o plano de vacinação e sobre as medidas que estão sendo adotadas pela pasta para amenizar a pandemia, que considerou de fundamental importância. “Se a situação está tão grave e o governo não atua, é importante que o Senado cumpra o papel. Nossa atenção precisa estar voltada exclusivamente para esse agravamento da crise”, afirmou.
‘Pazuello ainda precisa ser responsabilizado’
Já o deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) destacou que “ser ministro da Saúde de Bolsonaro é uma profissão de risco”. “Exige a defesa de protocolos de tratamento precoce sem eficácia comprovada; pregar contra uso de máscaras e o isolamento social; negligenciar falta de O2 nos hospitais e ser cúmplice na morte de milhares de brasileiros”, disse.
Capiberibe acrescentou, entretanto, que mesmo saindo do cargo, o ministro não poderá deixar de lado as omissões que foram sua responsabilidade. “De qualquer forma, Pazuello precisa ser responsabilizado junto com Bolsonaro pela política de saúde trágica durante toda a pandemia”.
Ele ainda disse torcer para que Bolsonaro “escolha o/a novo ministro da saúde como sua decisão por usar máscara, superando o negacionismo que resultou em colapso no sistema de saúde, recordes diários de mortes, falta de vacinas e 277 mil brasileiros mortos pela covid-19”.
Da mesma forma, o líder do PSB na Câmara, deputado Danilo Cabral (PSB-PE), enfatizou que o militar foi “o pior ministro da saúde da história do Brasil” e que ele “terá que responder por sua desastrosa gestão”.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) acusou o presidente e o ministro de serem “os grandes sócios majoritários desta tragédia que vivemos”. E concluiu: “o arremedo de ministro já vai tarde. Tomara que haja um mínimo de bom senso para a escolha do substituto”.
‘Troca é por projeto eleitoral’
Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, foi outro a sobre o assunto. Segundo ele, “o presidente da República não busca o seu 4º ministro da Saúde por convicção, mas em benefício do seu projeto eleitoral”. “Traduzindo: emite sinais para o eleitor revoltado com o desastre da gestão da pandemia, mas seguirá minando ministros para mimar sua tropa de choque virtual”, disse Siqueira.
Mais lacônico, mas no mesmo tom crítico, o deputado Ricardo Silva (PSB-SP) desejou que “a pessoa a ser indicada para o cargo concentre todas as forças no Plano Nacional de Vacinação, na liberação de vacinas e importação de insumos”. E frisou que “isso é urgente”.
O deputado Denis Bezerra (PSB-CE) lembrou a demora para agilização da compra de vacinas, o recorde de 2 mil mortes diárias pela Covid-19 observado na última semana no país e destacou: “é urgente termos um Ministério da Saúde a favor da ciência, do SUS e dos brasileiros”.
O deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA) lamentou a inconstância do governo e as consequências desastrosas da falta de gestão de Bolsonaro durante a pandemia no país. “Mais de 275 mil brasileiros mortos. Não tem auxílio emergencial digno. Não tem vacinas. Os hospitais estão lotados. Pazuello sai, o 3° ministro da saúde em 1ano. Não basta! Precisamos responsabilizar o pivô da situação que o país atravessa. Bolsonaro tem q responder por seus crimes”.