Deputados do PSB repudiaram o tom autoritário da manifestação realizada em Brasília neste último domingo (3). O ato foi marcado por novos ataques ao Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF) e à imprensa, e contou com a presença de um Jair Bolsonaro sem máscara, no dia em que o país ultrapassou os 100 mil infectados pelo coronavírus e a marca dos 7 mil óbitos em razão da doença.
Além do desrespeito às recomendações sanitárias, parlamentares também esboçaram preocupação com recados deixados pelo presidente.
Diante de apoiadores, Bolsonaro fez um alerta sobre como pretende conduzir seu governo a partir de agora. “Chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão”, declarou o presidente.
União
Alertando para a gravidade da pandemia, o presidente do partido, Carlos Siqueira, criticou a nova violação das medidas para contenção da doença e defendeu a união para resguardar o Brasil. “Enquanto a maioria dos Estados lida com a sobrecarga do sistema de saúde por causa da Covid-19, o presidente da República e seus apoiadores violam as principais regras de proteção ao coronavírus: o isolamento social. Insanidade e irresponsabilidade”, declarou.
“Ao fabricar instabilidades, o presidente quer encobrir sua falta de condições de conduzir o Brasil, sobretudo em uma crise sanitária, econômica e social de grandes proporções. É hora de colocar o país no rumo certo, com a união das forças democráticas em defesa da Constituição”, apontou Siqueira.
Impeachment
Líder do PSB, Alessandro Molon (RJ) recordou o pedido de impeachment protocolado pelo partido na semana passada. “Não há outra saída para o Brasil senão afastar Bolsonaro da Presidência da República. O ‘e daí?’ virou a forma dele governar. Bolsonaro cometeu, pelo menos, 11 crimes e continuará atentando contra a vida dos brasileiros. Não seremos cúmplices. Impeachment Já”, exigiu.
Leis
Defendendo o imediato afastamento do presidente, Júlio Delgado (MG) afirmou que as ameaças e tentativas antidemocráticas de Bolsonaro esbarrarão no cumprimento das leis. “O presidente continua a ameaçar os demais poderes. Sugere golpe ‘apoiado’ pelas Forças Armadas. Faltou combinar com os militares, pelo que sei. De todo jeito, a sanidade que parece lhe faltar, nos sobra, na mesma medida, de experiência e conhecimento das leis que jurou defender. Bolsonaro e a trupe precisam ser barrados”, definiu.
Ataques à imprensa
A partir de suas redes sociais, João H. Campos (PE) declarou apoio aos jornalistas agredidos durante a manifestação. Além de profissionais do O Estado de S. Paulo, jornalistas da TV Globo, do portal Poder 360, Os Divergentes e da Folha de S. Paulo também sofreram ataques físicos ou verbais durante o ato.
“Meu total repúdio às agressões sofridas hoje por jornalistas em ato pró-Bolsonaro. Inadmissível! No Dia da Liberdade de Imprensa, é necessário lembrar que o jornalismo imparcial, feito por profissionais de qualidade, é a nossa maior arma contra a mentira”, disse, recordando a data comemorativa.
Rodrigo Agostinho (SP) foi mais um parlamentar a definir como inadmissíveis os ataques aos profissionais. “Inaceitável agredir uma pessoa porque ela pensa diferente de você. Pior ainda se essa agressão atinge uma pessoa que está trabalhando. A intolerância não tem justificativa, é crime. Minha solidariedade aos profissionais do Estadão, hostilizados ontem em Brasília”.
Constituição
Reproduzindo as frases proferidas pelo próprio presidente, Danilo Cabral (PE) demonstrou preocupação com o desfecho da crise institucional brasileira. “’As Forças Armadas estão do nosso lado’. ‘Chegamos no limite. Não tem mais conversa’. Palavras de Bolsonaro, neste domingo, aumentam a tensão política no país. Democracia foi explicitamente ameaçada. Caminhamos a passos largos para um impasse. Não há saída fora da Constituição Federal. Ela é soberana e acima de todos nós!”, recordou.