A demora do governo federal para a compra de seringas e agulhas não ameaça apenas o calendário de vacinação contra a Covid-19 no País, afirma reportagem do Estado de S. Paulo. Após fracasso de pregão, o Ministério da Saúde mira em estoques dos Estados e municípios.
Ao informar a suspensão da compras em suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que Estados e municípios já têm estoque para o começo da vacinação contra a Covid. O ministério estima que há 60 milhões de seringas e agulhas nos estoques dos Estados. Só para a campanha de imunização contra a gripe, que em 2020 começou em março, são necessárias 80 milhões.
Essa reserva, no entanto, serve para aplicar 300 milhões de doses de vacinas de outras doenças, como sarampo, gripe e febre amarela, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula cobra uma grande compra da Saúde. “Tem condições de iniciar a vacinação neste momento, mas a gente aguarda o ministério ainda para poder fazer sua grande compra aos Estados e municípios”, afirma.
Ex-coordenadora do PNI, a epidemiologista Carla Domingues diz que o governo deveria ter organizado a compra de seringas e agulhas ainda no 1º semestre de 2020.
“O começo da vacinação não deve ser adiado pelo fracasso na primeira compra, mas o governo federal tem de pensar no médio prazo e resolver a questão. Temos campanha contra a influenza (gripe), a rotina do calendário da criança. Sabíamos da campanha da Covid-19. Era para comprar a seringa lá em abril ou maio.”
Epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel ainda alerta dos perigos ao prejudicar o calendário de imunização de outras doenças. “Tem vacinas da primeira infância que são administradas em meses corretos da criança. Este calendário precisa ser seguido.”
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo