Embora vigiado o tempo todo por seguranças da Bolsa de Valores no centro de São Paulo, o touro dourado instalado pela B3 em frente ao local foi alvo de protesto na manhã desta quarta-feira (17). O monumento ao mercado financeiro amanheceu com adesivos de protesto com a palavra ‘fome’ grudados na lateral da estátua, em um protesto reivindicado pelo coletivo Juventude Fogo no Pavio.
Comparada na internet com o famoso Charging Bull, instalado na Wall Street [a meca do mercado financeiro global) de Nova York, a obra de São Paulo ganhou apelidos como ‘Vaca Louca do Anhangabaú’ e ‘Touro da Cracolândia’ em memes e nas ruas assim que foi inaugurada.
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Pelo Ttwitter, o coletivo Fogo no Pavio reivindicou o ato e afirmou que “o touro ganhou a marca do Brasil de Bolsonaro”, que o monumento não representava comemoração, em alusão ao aumento da fome e do desemprego no país durante o governo de Jair Bolsonaro.
“O que para eles simboliza a força do mercado financeiro, para nós é um símbolo da fome, da miséria e da superexploração do trabalho. Mas, também é um lembrete de que continuaremos na luta por uma vida com dignidade. E é por isso que hoje fizemos essa ação simbólica de protesto”.
Coletivo Fogo no Pavio
Em setembro, movimentos sociais já haviam ocupado o saguão da Bolsa em um protesto contra o desemprego e a inflação. Na ocasião, havia faixas e cartazes como “sua ação financia nossa miséria”, “Brasil tem 42 novos bilionários enquanto 19 milhões passam fome”, “tem gente ficando rica com a nossa fome”.
Monumento ao mercado financeiro
A escultura do touro dourado foi financiada pela B3 em parceria com o economista e educador financeiro Pablo Spyer, idealizador da obra. O autor é o arquiteto e artista plástico Rafael Brancatelli. O valor da estátua, que pesa cerca de uma tonelada e tem cinco metros de comprimento, não foi divulgado.
Brancatelli e a B3 negam qualquer inspiração do touro brasileiro no Charging Bull, o famoso touro de bronze situado em Nova York, nos Estados Unidos, idealizado pelo escultor italiano Arturo Di Modica em 1989. A estátua se tornou um dos símbolos do mercado de capitais americano.
“Temos compromisso com o centro de São Paulo e por isso escolhemos colocar o touro em frente à B3. Ele não é inspirado no touro de Nova York, mas sim na metáfora touro versus urso, tradicional no mercado financeiro. Nós escolhemos a figura porque a associamos à resiliência do investidor e do brasileiro”, disse ao GLOBO Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3.
Na metáfora, o touro representaria as ações em subida pronunciada, em alusão ao movimento de ataque do animal, de baixo para cima. Em contraposição, o urso, que ataca de cima para baixo, representa o mercado em baixa.
No Brasil, o touro da B3 chega às ruas quando o Ibovespa, o principal índice do mercado de capitais brasileiro, acumula desvalorização de 12,16% no ano de 2021.
Com informações do jornal O Globo