Neste sábado (8) é comemorado o Dia Nacional do Turismo, mas há pouco o que celebrar. Apesar das boas perspectivas para o turismo no início do ano de 2020, com expectativa de crescimento em várias atividades, o setor foi fortemente impactado pela pandemia da Covid-19.
A crise do coronavírus paralisou as atividades turísticas. O mercado de viagens foi um dos mais afetados pela crise sanitária. Resultado da política de isolamento para conter o avanço da pandemia que atingiu em cheio a dinâmica econômica do setor que se viu diante de receitas praticamente zeradas.
Como o turismo é uma atividade que gera empregos em todas as faixas de renda no Brasil, o enxugamento trouxe consequências significativas para a já combalida economia do país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor representa 3,71% do Produto Interno Bruto e sua dinâmica é composta por diferentes atividades que foram impactadas nessa crise.
Turismo sentiu os efeitos da Covid-19
Poucos setores da economia sofreram tanto com a pandemia quanto o do turismo. Aviões no solo, ônibus nas garagens, hotéis fechados, atrações turísticas canceladas, pacotes suspensos foram as marcas de 2020 que seguem em 2021.
Dados da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) mostram que as vendas caíram mais de 50% em relação aos R$ 19 bilhões apurados em 2019. A perda de empregos no setor é estimada em 1 milhão de vagas – incluindo funcionários diretos e indiretos.
Levando em conta todo o setor, a crise econômica provocada pelas medidas de restrições para conter a Covid-19 tiraram R$ 261 bilhões do turismo em 2020, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Autorreforma aposta no viés criativo do setor
A Autorreforma do PSB tem entre as teses defendidas a articulação do turismo com a cultura e o entretenimento. Para os socialistas, essa atividade tem alta capacidade indutora para a economia tradicional. O objetivo do PSB é propor um projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil baseado na sustentabilidade a partir da criatividade, da inovação e sempre se baseando na realidade do nosso país.
‘’No Plano Estratégico da Economia Criativa, deve constar, também, a articulação do turismo com a cultura e o entretenimento, tendo em vista a sua alta capacidade indutora para a economia tradicional, o que ajudará a adensar as cadeias produtivas agrícolas e industriais.’’
Autorreforma do PSB
Mas a indústria do turismo não pode ser analisada apenas sob a ótica da geração de empregos, ou de uma nova possibilidade econômica, em que alguns países não conseguem explorar todo o seu potencial, como é o caso do Brasil. Outras questões devem ser levadas em conta, entre elas os seus efeitos ambientais e sociais.
‘’Os setores ligados à tecnologia, cultura, criatividade e ao turismo têm, na atualidade, poucos mecanismos de desoneração fiscal e de financiamento. Será necessário o investimento em estratégias de desburocratização e simplificação do sistema tributário para as atividades que envolvam a economia criativa, os micro e pequenos empreendedores, bem como para obtenção de licenças de instalação, funcionamento e registros de marcas e patentes.’’
Autorreforma do PSB
Atividade econômica sustentável
O turismo pode ser uma atividade econômica e social muito importante em vilas e cidades e viável para todos os envolvidos em sua cadeia produtiva. Para que seja consolidado é imprescindível que o seu desenvolvimento seja planejado com base sustentável.
A sustentabilidade do turismo ocorre por meio do crescimento econômico integrado com a melhoria da qualidade de vida da comunidade envolvida, conservação e preservação do meio ambiente, valorizando sempre a identidade cultural e as relações políticas e institucionais. Para que isso aconteça, a educação e formação profissional adequada são essenciais para o sucesso na gestão da atividade.
Em virtude da dificuldade em prestar serviços com boa qualidade no setor turístico, em razão da especificidade de seus segmentos e, pelo crescente nível de exigência do turista, as cidades que pretendem desenvolver o turismo necessitam estar preparadas para atingir a excelência no atendimento.
Brasil como destino turístico
Pelas suas características naturais, o território brasileiro apresenta excelentes condições para o turismo: grande diversidade de ecossistemas e de paisagens, uma das maiores costas litorâneas do mundo, praias tropicais disponíveis ao lazer o ano todo.
O turismo interno ou doméstico e o turismo externo ou internacional sofrem muitas oscilações, de acordo com o comportamento geral da economia e com o desequilíbrio cambial. Por exemplo, a desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar encarece o custo das viagens internacionais e favorece a busca por destinos nacionais.
Há possibilidades de exploração do turismo de eventos e de negócios, desportivo e de aventura, ou do ecológico ou ecoturismo. Para que este último possa gerar renda ao país ou à região, as áreas e ecossistemas naturais precisam ser protegidos. Infelizmente as medidas políticas voltadas para essa atividade (construção de novos aeroportos no interior, restauração e conservação do patrimônio histórico, construção de novas estradas) ainda são insuficientes.
Papel do turismo nas Cidades Criativas
A ideia de Cidades Criativas é estimular cidades a usarem o seu capital criativo e inovador para promoção do desenvolvimento, com incentivo à adoção de ações locais e territoriais que reúnam, primordialmente, os governos municipais, empreendimentos e agentes criativos, gerando oportunidades de negócios, emprego, trabalho, renda e o pleno exercício da cidadania.
Atualmente, dez cidades brasileiras fazem parte da Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco, que, desde 2004, reconhece mundialmente esforços de cidades para colocar a economia criativa, por meio de projetos turísticos e culturais, no centro de planos de desenvolvimento urbano. São elas: Belém (PA), Florianópolis (SC), Paraty (RJ) e Belo Horizonte (MG), no campo da gastronomia; Brasília (DF), Curitiba (PR) e Fortaleza (CE), em design; João Pessoa (PB), em artesanato e artes populares; Salvador (BA), na música; e Santos (SP), no cinema.
As cidades criativas são fruto das transformações socioeconômicas, políticas e culturais em nível mundial. Fatores como o aumento da população urbana e mudanças no estilo de vida da população impactam os modos de produção e de consumo de bens e serviços turísticos. Por isso a necessidade de criação de novos modelos de destinos turísticos, que apontem soluções inovadoras para problemas locais, tendo como resultado a melhoria na qualidade de vida das pessoas.
Origem do Dia Nacional do Turismo
O Dia Nacional do Turismo tem a finalidade de promover e homenagear a prática do turismo entre os brasileiros, conscientizando a população das diversas belezas naturais e culturais que formam o Brasil. A data também serve para lembrar sobre a importância de conhecer e respeitar as leis de cada nação e cultura antes de viajar como turista.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), a viagem é caracterizada como turística quando um ou mais indivíduos viajam para fora de seu ambiente residencial entre um período de 24 horas a 120 dias, sem exercer qualquer tipo de atividade profissional.
Os brasileiros ainda comemoram o Dia Mundial do Turismo, em 27 de setembro, que incentiva a pratica do turismo internacional, com o intuito de fazer as pessoas conhecerem novos lugares, culturas e sociedades.
Oficialmente, a data passou a ser comemorada em 8 de maio por meio da Lei 12.625/2012. Até então havia muita confusão, pois várias pessoas acreditavam que esta data era celebrada em 2 de março.
O futuro do turismo
A crise econômica em curso por causa do coronavírus já afeta a economia mundial de forma drástica e, em um mundo globalizado, todos sentirão, em alguma medida, seus efeitos, sendo o desemprego e o empobrecimento geral da população mundial consequências anunciadas por diversos especialistas.
Evidentemente, em um quadro econômico como o que se avizinha, a atividade turística, já bastante afetada, possivelmente demandará anos até conseguir recuperar os patamares anteriores à crise tanto em termos de volume de fluxos como de produção de riqueza, como têm previsto organismos internacionais ligados ao setor, como a OMT, agência especializada no âmbito das Nações Unidas.
É esperado que, ao menos nos primeiros meses que se seguirem à decretação do final da pandemia, as pessoas mantenham algum receio de, por exemplo, realizar viagens por transporte coletivo, hospedar-se em estabelecimentos comerciais como hotéis, pousadas, hostels e mesmo visitar atrativos muito procurados e, consequentemente, sujeitos a aglomerações.
Com informações do Estadão e Jornal da USP