
O Twitter Brasil tem dado mostras de não que leva a sério a gravidade das fake news que circulam pela plataforma. O Brasil está de fora de uma ferramenta contra a propagação de notícias falsas sobre vacinação que já é usada nos Estados Unidos, Coreia do Sul e Austrália há 5 meses.
Nesta quarta-feira (5), os usuários do Twitter atuam para pressionar a plataforma a fornecer instrumentos eficazes contra a disseminação de fake news. A hashtag #TwitterApoiaFakeNews chegou ao topo dos assuntos mais comentados.
O Sleeping Giants Brasil, movimento contra o financiamento do discurso de ódio e fake news que já conseguiu desmonetizar vários canais que faturavam às custas da propagação de mentiras, cobra o Twitter e chama os usuários para fazer pressão por uma atitude da plataforma.
A jornalista Cristina Tardáguila, fundadora da Lupa, agência de checagem de informações, disse já usar a ferramenta em português, disponível em outros países e cobra a plataforma sobre o silêncio diante do perigo à vida que a desinformação representa.
O Twitter tem sido um dos principais canais de comunicação de bolsonaristas antivacina, como Janaína Paschoal, Guilherme Fiúza e Alexandre Garcia.
Jair Bolsonaro (PL) chegou a ter publicações removidas da plataforma por serem falsas. Mas as remoções de conteúdo foram feitas por mecanismos internos de moderação, e não por denúncias de cidadãos brasileiros.
Blogueira investigada tem conta verificada pelo Twitter
Investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) justamente por disseminação de fake News, a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani recebeu o selo azul de verificação da plataforma. Podem receber o selo contas “proeminentemente reconhecidas”, de acordo com critérios do próprio Twitter.
Em maio de 2021, a blogueira foi recebida por Jair Bolsonaro (PL), pouco dias antes de uma operação contra a rede de desinformação ser deflagrada.
Além disso, a conta de Destefani em outras plataformas foi desmonetizada em decorrência de ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pedido da Polícia Federal. O nome dela também é citado no relatório final da CPI da Covid entre os blogueiros que participaram da desinformação durante a pandemia.
“Fizemos uma revisão da nossa política e recentemente anunciamos a abertura do processo de solicitação para verificação de perfis. Com a atualização, as pessoas podem submeter solicitações e, caso atendam aos critérios de acordo com a política, o selo é concedido”, alegou a plataforma ao O Globo.
“A verificação é problemática por vários motivos. É uma ativista bolsonarista acusada pelo TSE de espalhar fake news. Ela também posta constantemente tuítes que lançam dúvida sobre a eficácia da vacina contra covid-19 e referências a mortes de pessoas por mal súbito, associado isso a vacinas. Por mais que o Twitter fale que não é um endosso, sabemos que a verificação é percebida pelos usuários como uma validação. O Twitter fala que está combatendo desinformação, principalmente em tempos de pandemia, mas ele não ajuda ao validar um perfil que trabalha prontamente para colocar em dúvida as vacinas”, afirmou o professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, nos EUA, David Nemer ao jornal.
Nos EUA Twitter age diferente
No último domingo (2), a plataforma informou que suspendeu de forma permanente a conta pessoal da deputada republicana dos Estados Unidos Marjorie Taylor Greene.
O Twitter informou que foram diversas violações cometidas com informações mentirosas sobre a covid-19.
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O bloqueio foi na conta pessoal da parlamentar. Ela, contudo, continuará com acesso a sua conta oficial
“Suspendemos permanentemente a conta referida [@mtgreenee] por repetidas violações de nossa política de desinformação sobre a covid-19”, afirmou o Twitter em comunicado enviado à AFP.
“Fomos bastante claros […] que suspenderíamos permanentemente contas por violações reiteradas dessa política”, acrescentou a rede social, que, no entanto, não detalhou o conteúdo das publicações de Greene que levaram a essa decisão.
Com informações do Brasil de Fato