
A Petrobras confirmou, na manhã desta segunda-feira (20), a renúncia do presidente José Mauro Coelho. O gestor é alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente da Câmara Arthur Lira devido ao último aumento dos combustíveis anunciado na semana passada.
“Petrobras, informa que o senhor José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora”, diz a nota da Petrobras.
A renúncia já era prevista para acontecer dada a repercussão do anúncio, na última sexta-feira (17), dos reajustes de 5,18% da gasolina e 14,25% do diesel. Com isso, o litro desses combustíveis passará para R$ 4,06 e R$ 5,61, respectivamente, nas distribuidoras.
Logo após o anúncio, o Palácio do Planalto e parlamentares aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiram com duras críticas. Nas redes sociais, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, pediu um “basta” em relação aos reajustes feitos pela estatal em meio à crise mundial do petróleo. Arthur Lira, em tom semelhante, criticou a “falta de função social” da Petrobras.
Na quinta-feira (17), durante a tradicional live veiculada nas redes sociais, Bolsonaro disse que espera que a Petrobras não prejudique a população com aumentos dos combustíveis.
“A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos”, afirmou o presidente. Em post no Twitter, Bolsonaro afirmou que o governo federal é contra qualquer aumento nos preços dos combustíveis.
CPI da Petrobras
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse ao blog da jornalista Andrea Sadi, no G1 nesta segunda-feira (20) que não “antevê” suspeita de prática criminosa para uma CPI da Petrobras, como quer o presidente Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira.
“Vejo com reserva nesse fato específico. CPI é para casos muitos excepcionais e fatos constituídos. Nesse caso, não antevejo de pronto práticas criminosas”, diz Pacheco.
Para ele, antes de CPI, é preciso discutir medidas legislativas, como a reversão de lucros da estatal para “ajudar a população”.
“Não tem dicotomia Petrobras versus União. Precisamos buscar a estabilização. Tem lucro desmedido? Então vamos reverter – claro, sem atingir os acionistas minoritários – mas vamos reverter para ajudar quem precisa. Estabilidade em primeiro lugar. Podemos encontrar mecanismos mais efetivos no legislativo do que a CPI”, avaliou.
Pacheco ficou de conversar com Lira nesta segunda (20), em Brasília, sobre as medidas legislativas que a Câmara está propondo para conter a alta nos combustíveis. Entre elas, a política de preços da Petrobras e também dobrar a taxa de lucro da estatal.
Desde sexta, Bolsonaro tem insistido na ideia de uma CPI para investigar diretores da Petrobras. Lira apoia a ideia, mas uma ala de aliados do presidente Bolsonaro vê pouco efeito prático do ponto de vista eleitoral em uma CPI para aliviar o bolso do consumidor com os combustíveis.
A saída José Mauro Coelho tiraria pressão do discurso da CPI. Por isso, o discurso de CPI é apenas mais uma narrativa e tentativa de terceirizar a responsabilidade pela alta nos preços do que qualquer outra coisa.
Com informações da Band, Uol e G1