Com um estoque de capital acumulado de EUR 263 bilhões, o Brasil é um dos maiores destinos do capital da União Europeia. Atualmente, o país concentra 41,5% dos investimentos do bloco na América Latina e 3,1% dos investimentos no mundo. Essa proporção deve aumentar nos próximos anos em função das novas oportunidades que se abrem no mercado brasileiro, particularmente no setor de energias renováveis.
A informação está no estudo inédito da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), lançado nesta sexta-feira (17). O material contém dados de mercado para orientar investidores e formuladores de políticas públicas brasileiros em suas estratégias de atração de investimentos estrangeiros europeus e internacionalização de seus produtos para os países da União Europeia.
Trata-se da segunda edição do Mapa Bilateral de Oportunidades Brasil-União Europeia, formulado pelo setor de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, que tem como objetivo identificar o estágio dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) entre o País e o bloco europeu. A primeira edição do estudo foi publicada em 2017.
“Estamos aqui para lançar o Mapa Bilateral de Investimentos Brasil – União Europeia. Confesso que não poderíamos escolher momentos mais alvissareiro”, disse o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana. “Hoje ouvimos da senhora Vice-presidente Executiva da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, algo que ouvi também do chanceler alemão: a sensação de que o Brasil está de volta”, completou. Segundo Viana, o acordo afetará até 700 milhões de pessoas, entre Brasil e União Europeia, e tem o potencial de mudar a geografia econômica mundial.
“Há muito potencial para aprofundarmos o nosso relacionamento e, a chave disso, é o Acordo Brasil – União Europeia. Entre 2014 e 2020, o Brasil foi o principal destino dos investimentos da União Europeia em países em desenvolvimento, à frente inclusive da China”, disse Margrethe Vestager. “Esse ano, nós temos uma janela de oportunidade e estamos dedicados a alcançar sucesso, porque abre muitas oportunidades, não só para produtos e serviços, mas também para investimentos”, completou.
O documento elaborado pela ApexBrasil aponta que a União Europeia é a principal fonte do Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil, com 49,5% do estoque nacional acumulado. A maior parte desse capital se concentra em setores de alto valor agregado, como a produção automotiva e de maquinário industrial. O setor de energias renováveis, um dos principais interesses dos países do bloco, que se tornou ainda de maior relevância após a crise enérgica que o continente enfrenta, também é um dos focos dos investimentos por aqui.
Para se ter uma ideia, entre 2000 e 2020, dos 133 projetos de infraestrutura que contaram com aportes europeus, 74 eram para geração de energia verde, mais especificamente 50 de parques eólicos e 24 de usinas solares.
A concentração nesses setores destaca outro aspecto fundamental dos benefícios trazidos pelos IED: a transferência tecnológica. O contato com tecnologias inovadoras se traduz em ganhos de produtividade e de qualidade em produtos e serviços. Desta forma, as empresas e setores que recebem esses influxos financeiros têm a capacidade de acessar os mercados externos com maior facilidade, se inserindo de forma qualificada e competitiva nas cadeias globais de valor. Somente entre 2016 e 2020, houve 385 anúncios de investimento de empresas da UE no Brasil, totalizando US$ 20 bilhões, que ajudaram a criar mais de 55 mil postos de trabalho na economia nacional. Em 2020, 12,8% das mil empresas atuantes no território brasileiro com maior receita líquida receberam aportes de países da União Europeia.
No que se refere à destinação dos IED da União Europeia, o Brasil tem se destacado não somente em relação aos BRICs, mas também à América Latina, com 41,5% de todo o estoque de capital europeu na região. Em contrapartida, também é a nação latino-americana que mais investe no bloco. Em 2020, esses investimentos atingiram EUR 75,2 bilhões, acima de 50% de todos os aportes regionais destinados à UE. Assim como suas contrapartes europeias, os investidores nacionais buscam setores de alto valor agregado, como maquinário industrial, softwares e centros de pesquisa e desenvolvimento.