
Por Plinio Teodoro
Chamado por Jair Bolsonaro (sem partido) de “imoral” por usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), José Vicente Santini, deu mais um salto para cima e foi nomeado Secretário Nacional de Justiça pelo presidente uma semana depois de ser demitido do posto de número dois da Secretaria-Geral da Presidência.
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Demitido por usar avião da FAB
A demissão do amigo da família Bolsonaro aconteceu em janeiro de 2020 após ele usar avião da FAB para se deslocar de Davos, na Suíça, onde ocorreu o Fórum Econômico Mundial, para a Índia com apenas duas assessoras. Com Onyx Lorenzoni de férias, o novo secretário nacional de Justiça ocupava a condição de ministro em exercício.
Como novo secretário nacional de Justiça, Santini substitui Claudio Panoeiro, que estava no cargo desde junho de 2020. Nas redes sociais, o novo secretário de Justiça fixou um tuite com a hashtag #QueremosBolsonaroAte2026.
Amigo próximo de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), José Vicente Santini é filho do ex-general do Exército Nelson Santini Júnior, morto em 2015, amigo de Bolsonaro desde os anos 70, quando se conheceram na escola de artilharia do Exército.
Nelson Santini Júnior também é pai do vereador Nelson Santini Neto, do PSD, em Campinas, no interior paulista. É daí que vem a relação próxima entre Vicente e Nelson, os filhos do general, e Eduardo Bolsonaro.
Conhecido como tenente Santini, pelo tempo que atuou na Rota, Santini é o principal aliado de Bolsonaro na cidade do interior paulista.
Antes de chegar à Secretaria de Justiça, Santini atuou também como assessor de Ricardo Salles, no Ministério do Meio Ambiente.
O vai e vem de Santini
O novo secretário nacional de Justiça tem um longo (e controverso) histórico no governo de Bolsonaro. Demitido da Casa Civil em janeiro de 2020, foi readmitido no mesmo órgão como assessor especial de relacionamento externo do ministério por pressão dos filhos de Bolsonaro. Amigo de infância do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a volta do secretário-executivo – com um salário maior que o seu anterior – gerou mal estar na base de apoio do governo, que precisou demiti-lo novamente no dia seguinte.
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Em setembro do mesmo ano, no entanto, o personagem bolsonarista ganhou um novo cargo no ministério do Meio Ambiente, com um salário de R$ 13.623,39, desta vez para assessorar o o chefe da pasta, Ricardo Salles. Sem nunca de fato ter deixado o Planalto, o advogado foi convidado no início deste mês para ser o secretário-executivo de Lorenzoni.
Com acesso direto ao presidente, Santini prova, mais um vez, que Bolsonaro de fato não esquece seus afetos. E que, acima de tudo, o presidente honra a mamata, que jurou ter acabado em seu governo.