
Um adolescente de 15 anos foi apreendido suspeito de atirar em três colegas dentro de uma escola estadual em Sobral — a 240 km de Fortaleza. Uma das vítimas foi atingida na cabeça e está em estado grave. As outras foram feridas na perna e de raspão na cabeça.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social no Ceará disse que a arma utilizada no crime está registrada em nome de um CAC (Colecionador, Atirador e Caçador).
Inicialmente, a polícia declarou que a arma pertencia ao pai do adolescente, que havia afirmado isso em depoimento. Mas, ao checar informações, descobriu-se que ela pertence a uma terceira pessoa, cuja relação com o jovem não foi informada.
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O caso no Ceará não é inédito, muito pelo contrário. O número de ocorrências de violência armada cresceu assustadoramente durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que facilitou o acesso às armas por civis.
Um levantamento exclusivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) indica que mais de 6,3 mil assassinatos poderiam ter sido evitados no Brasil se a gestão Bolsonaro não tivesse flexibilizado a comercialização de armas de fogo e munições.
Desde 2019, o governo federal editou mais de 40 atos normativos e decretos que diminuem consistentemente o controle de armamentos em território nacional. Com as mudanças, ficou mais fácil conseguir licença para portar esse tipo de equipamento e o limite de compra de armas e munições também aumentou, principalmente para CACs.
O objetivo do estudo do FBSP é justamente avaliar qual é a relação entre letalidade violenta e as mudanças na legislação armamentista. A taxa de homicídios mostra tendência de queda desde 2017 no país, mas o relaxamento no controle de armas promovido por Bolsonaro impediu avanços mais consistentes na diminuição dos assassinatos.
Violência armada e o Lobby das armas no Congresso Nacional
Com a flexibilição do acesso às armas e o crescimento de adeptos ao armamento, o setor vem registrando lucros recordes. Só a fabricante de armas brasileira Taurus registrou apenas um crescimento de 47,4%, quando comparado o primeiro semestre de 2022 ao mesmo período do ano passado e a empresa leopoldense apresentou lucro líquido de R$ 295,8 milhões.
O crescimento e o endosso do chefe de Estado no setor fez com que políticos ligados a indústria armamentista ganhassem força e se elegessem para o Congresso Nacional. Entre todos os políticos eleitos para cargos públicos, 38 foram apoiados pelo Proarmas, maior grupo que faz lobby pela indústria armamentista no Brasil.
O levantamento completo foi feito pela Graf (Global Researchers Against Fascism).
A entidade acredita que possa haver algum tipo de apoio da National Rifle Association (NRA), o mais famoso grupo pró-armas do mundo, localizado nos Estados Unidos. Segundo a entidade, alguns nomes surpreenderam por terem tido “vitórias inesperadas”.