O Brasil sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL) se tornou mais violento politicamente. O Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) comprova que houve aumento de 23% nos casos de ameaças, agressões e atentados contra políticos e familiares, em 2022, quando comparado ao primeiro semestre de 2020. No total, foram registrados 214 episódios do tipo em todo o país.
O levantamento não inclui o assassinato de Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu.
O Observatório monitora esse tipo de violência na democracia brasileira desde 2019 e é formado pelo Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (GIEL/UNIRIO).
No total, 24 pessoas foram mortas em 14 estados apenas este ano. A maioria deles foi justamente no Paraná, onde Marcelo Arruda foi assassinado, com quatro mortes.
São Paulo lidera com 17 ocorrências, seguido por Rio de Janeiro e Bahia, com 10 casos cada; Minas Gerais, com 8; e Paraná, com 7. Acre, Alagoas, Amapá e Roraima não registraram casos.
A violência política mais comum é ameaça, com 37 casos. Depois vem agressão, com 27 registros, além de 19 homicídios, 9 atentados, cinco mortes de familiares e quatro sequestros – sendo dois de lideranças e dois de familiares de lideranças.
A região Nordeste é a que concentrou mais mortes, com 10 casos.
A maior parte da violência foi cometida contra vereadores, com 49 casos (48,5%). Depois vêm 11 prefeitos, seis funcionários públicos, além de pessoas que já ocuparam cargos eletivos, como ex-prefeitos, ex-vereadores, ex-vice-prefeito e ex-candidatos a vereador, que chegam a 83,2%.
“Agora que as eleições vão começar de fato. Setembro é o mês quente da campanha, as eleições acontecem em outubro. Depois tende a diminuir um pouco. O que a gente pode experimentar de novo, neste ano, é uma violência pós-eleitoral, que pode se alastrar em larga escala entre os eleitores. São duas coisas se combinando: o discurso de intolerância política e o outro, da fraude eleitoral, esse segundo principalmente próprio do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores. É o risco que a democracia está correndo”, alerta o coordenador do GIEL, Felipe Borba,
Segurança de Lula
Os episódios de violência política e os ataques a atos com a presença do pré-candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também levou a necessidade de reforço da segurança do ex-presidente.
De acordo com o advogado do Prerrogativas, grupo ligado à campanha do Movimento Vamos Juntos pelo Brasil, Marco Aurélio de Carvalho, afirmou nesta segunda-feira (11), em entrevista ao UOL News, que a equipe está preparada para reagir de maneira adequada e oportuna diante de episódios assim.
Somado a isso, outros atos bizarros como um drone que arremessou urina e fezes contra apoiadores de Lula, em junho, durante ato em Minas Gerais, e na última semana, no Rio, algo como uma bomba caseira com líquido cheirando a fezes foi arremessada.
Assassinos em potencial
O historiador Fernando Horta avalia que Jair Bolsonaro criou cerca de 1 milhão de assassinos em potencial, como Jorge Guaranho. A afirmação se baseia no registro de mais de 1 milhão de novas armas particulares no Brasil após Jair Bolsonaro assumir a presidência, em 2019. Os dados são da Polícia Federal e do Exército obtidos pelos institutos Sou da Paz e Igarapé por meio da Lei de Acesso à Informação.
Até novembro de 2021 havia no país um total de 2,3 milhões de armas registradas (os institutos ainda não obtiveram números de 2022). Trata-se de um aumento de 78% em relação a 2018, último ano da gestão de Michel Temer (MDB), quando havia 1,3 milhão de armas contabilizadas.
Com informações do O Globo