Assinada em 1888, em 13 de maio, a Lei Áurea tem se tornado apenas uma referência cronológica na história do Brasil, tendo em vista que não foi não dotada de um plano que permitisse a inserção de milhares de pessoas negras na vida econômica e social do país: com isso infelizmente não dá para celebrar o 13 de maio.
Ao contrário, o que se tem visto no Brasil é que a lei deixou à deriva a população negra, africana, sem participação digna num país em franco desenvolvimento desde o tratado de livre do comércio com a Inglaterra, lá pelas bandas de 1808.
Por essas e outras assimetrias, para a maior parte dos ativistas do movimento negro, o 13 de maio não é uma data celebrativa. Tampouco há motivo para se reforçar o mito do “branco salvador” e sua primazia histórica na figura da princesa Isabel de Bragança, dita “heroína”.
Especialmente porque naqueles tempos muitos negros abolicionistas como Luiz Gonzaga Pinto da Gama, José do Patrocínio e Andre Rebouças já lideravam lutas anti-escravagistas pela libertação de seus povos.
Último país do ocidente a acabar com a escravidão, o Brasil mantém até hoje favelas, maioria de negros em subempregos e nas estatísticas de morte e e prisão, com baixos salários em relação à média branca e tem sido os que mais têm sofrido durante a pandemia do coronavírus, mesmo após 132 anos de “libertação”. De qual estão falando?
“O extermínio da população negra continua”, afirmou a deputada federal, Benedita da Silva (PT-RJ) em entrevista ao Instituto da Mulher Negra (Geledes) nessa terça-feira (13).
Na entrevista ao portal dedicado a temáticas da mulher negra na América Latina, Bené, como também é conhecida nos corredores da Câmara dos Deputados, aborda assuntos como a situação da população negra na pandemia além da postura de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, diante da questão racial brasileira.
“Como entender que a Casa Grande ainda usa negros para bater em negros, como capitão do mato? Chegamos a um 13 de Maio nunca visto antes “, questionou.
Benedita da Silva, mulher preta e nascida na favela carioca, de pai pedreiro e mãe lavadeira, deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio de Janeiro, diz, aos 78 anos, que nunca sentiu medo pela sua raça como nos dias de hoje. Para ela, o Brasil vive “um retrocesso inigualável”, com “gestores machistas” e “governantes e executivos que querem que a gente morra”.
Perguntada pelo portal sobre a cristalização de uma mentalidade escravocata no país, após mais de um século da abolição, Benedita respondeu:
“A política de cotas não é nenhum favor, mas uma medida compensatória. E eles não entram lá sem fazer prova. Enquanto os brancos eram majoritários nesses espaços, estava tudo bem. Quando chegou a oportunidade da negrada entrar e mostrar seu talento, querem mais uma vez menosprezar, depreciar, desqualificar. Foi só dar oportunidade como o Fies e olha quantas pessoas se formaram. Temos médicos e advogados negros e negras. E eles se formaram por competência”
Confira AQUI a entrevista inteira!
Com informações da BBC, Palmares e Geledés.
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