
Congressistas do PSB e lideranças políticas de outras legendas não pouparam críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) após o Brasil incluir um novo capítulo à sua própria tragédia ao registrar 200.163 mortes pela Covid-19 nesta quinta-feira (7). Parlamentares foram unânimes em atribuir ao negacionismo, à incompetência e ao descaso com a vacinação do governo a tragédia vivida pelos brasileiros.
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Em meio à preocupação crescente sobre o alcance da mutação do coronavírus, nesta quinta, o país também bateu recorde diário de óbitos, conforme dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Nas últimas 24 horas foram registradas 1.841 mortes pela doença. Em números absolutos, o Brasil é o segundo país com mais mortes pela Covid-19 em todo o mundo. Está atrás apenas dos Estados Unidos, que têm mais de 363,5 mil óbitos causados pelo vírus, conforme levantamento da Universidade Johns Hopkins.
Ainda de acordo com dados do portal da Universidade de Oxford, Our World In Data, até esta quinta (7), cerca de 17 milhões de pessoas ao redor do mundo foram vacinadas nas mais de 50 nações que implementaram programas de vacinação. Enquanto isso, o Brasil segue à espera de seringas, agulhas e um cronograma efetivo para iniciar a contenção da doença.
“Mortes que poderiam ser evitadas”
“200 mil mortes pela Covid no Brasil, muitas das quais poderiam ter sido evitadas. Meus sentimentos a quem enfrenta o luto da perda de pessoas queridas para essa terrível doença. Meu total repúdio ao irresponsável presidente da República que despreza a vida dos brasileiros”, escreveu o vice-líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), em crítica direta a Bolsonaro.
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Indo além do protesto público, o representante do PSB no Ceará, Denis Bezerra aproveitou o momento para recordar a importância do Sistema Único de Saúde (SUS).
“200 mil vidas interrompidas pela Covid-19 no Brasil marcam a incompetência e o negacionismo do presidente. Ainda bem que podemos contar com a pesquisa científica que nos deu hoje uma grande alegria ao atestar a eficácia da #CoronaVac. Viva o SUS!! Viva a pesquisa brasileira!”, escreveu, ao comemorar os resultados dos testes de eficácia da CoronaVac, divulgados também nesta quinta. A vacina da farmacêutica chinesa Sinovac está sendo desenvolvida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan.
Urgência e compromisso com a vacina
Já o deputado Elias Vaz (PSB-GO) usou as redes sociais para prestar solidariedade às famílias de todas as vítimas da doença. “O Brasil está de luto por todas as vidas interrompidas. A nossa solidariedade a todos que perderam entes queridos. Precisamos urgentemente de uma vacina e de um governo que tenha compromisso com a população”, exigiu.
O prefeito eleito de Recife (PE), João Campos (PSB) afirmou a urgência da vacinação em massa para a população. “O sentimento é de um profundo pesar pela situação crítica que vive o Brasil. Marca triste e extremamente negativa para a nossa história. É preciso garantir a imunização pela vacina com urgência para virar a página de forma definitiva”.
Presidente genocida
No Senado, Cid Gomes (PDT-CE) disse que o “desprezo começou com a primeira morte; junto veio a negação a todos os marcos civilizatórios”. “Hoje, atingimos a trágica marca de 200 mil brasileiras e brasileiros mortos. E a incompetência continua. O presidente, despreparado, teima em não reconhecer a pandemia. É um genocida”, declarou sobre Bolsonaro.
Sem filtros, a deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) resumiu o comportamento de Jair Bolsonaro frente à tragédia. “200 mil brasileiros mortos. 1.841 em um único dia. O governo brasileiro incentivando a não vacinação, mas não quer ser chamado de genocida”, disse, após o ex-capitão queixar-se das críticas recebidas pelas 200 mil vidas perdidas.
Negacionismo presidencial
Ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP) reafirmou que o número de mortes é “culpa de um presidente negacionista, que lavou as mãos para a população”. “Mas a esperança não morrerá: temos vacinas no mercado internacional, além da atual vacina Coronovac. Não vamos desistir até que toda população seja vacinada!”, garantiu.
Cloroquina e Bolsonaro
Presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire criticou a política de compra de medicamentos comprovadamente sem eficácia gastos pelo governo Bolsonaro e o comportamento do chefe do ministério da Saúde, Eduardo Pazuello.
“Não devemos jogar recursos públicos pelo ralo, diz ministro do governo que comprou toneladas de cloroquina superfaturada, segundo o TCU. Entre faniquitos contra a imprensa, Pazuello bancou o injustiçado. Chororô. Nem parece comandar a Saúde de um país com 200 mil mortos de Covid”.
‘Resultado da incompetência’
Além de lamentar as mortes, o deputado do PSOL, Ivan Valente (SP) rechaçou as críticas do chefe da Saúde à imprensa. “Enquanto Pazuello tentava jogar a crise no colo dos jornalistas, o Brasil atingiu a marca de 200 mil mortes por coronavírus. Resultado de incompetência, negacionismo, insensibilidade de um governo genocida! Lamentamos as trágicas perdas e a dor dos entes queridos.”