
A CPI da Pandemia ouve nesta terça-feira (10) Helcio Bruno de Almeida. O tenente-coronel da reserva e presidente do Instituto Força Brasil (IFB) disse que conheceu Cristiano Carvalho, represente da Davati no Brasil, apenas no dia 12 de março e que nunca participou de jantar com o outro representante da empresa, Luiz Paulo Dominguetti, que afirmou à comissão ter recebido pedido de propina do ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias.
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O tenente-coronel reconheceu que recebeu convite do reverendo Amilton de Paula, da Senah, para almoçar. Afirmou ainda que sua participação no episódio da Davati encerrou-se com a reunião no ministério, da qual participou o então secretário-executivo, Elcio Franco.
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Assista à reunião da CPI da Pandemia
Senadores podem consultar documentos de seus estados enviados à CPI
Antes do intervalo, Soraya Thronicke (PSL-MS) questionou sobre a disponibilidade de consulta de documentos de informação de estados e municípios no que está relacionado à pandemia.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ratificou a importância da transparência e de conhecimento de todos de dados não sigilosos.
Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informou que essas informações estão disponíveis desde maio e que está facultado a todos os senadores o acesso a documentos relativos aos estados de sua referência.
Simone aponta contradições e afirma que Helcio participou de contrato
Diante da negativa de Helcio Bruno sobre ter participação em contratos públicos firmados entre o Ministério da Defesa e a Suntech, adquirida pela companhia israelense Verint Systems, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou contradições: “O CPF é o mesmo. Vossa Senhoria intermediou contratos públicos como lobista ou não ”.
Helcio diz que IFB não é negacionista
Ao ser questionado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) se teria se vacinado, o depoente afirmou que ainda aguarda por ter tido covid-19.
Sobre as postagens negacionistas nas redes do Instituto Força Brasil, Helcio informou que a questão de postagem não necessariamente está relacionada com a opinião do IFB, negando que a entidade seja negacionista, mas que respeita opiniões divergentes.
Ainda sobre aplicativo para orientar o “tratamento precoce”, o depoente explicou que pensaram em uma alternativa, utilizando teleconsulta, a fim de que a pessoa infectada pudesse receber o diagnóstico médico para obter a prescrição devida sem a necessidade de procurar um hospital, mas não foi possível operacionalizar a proposta.
Helcio nega ter atuado como representante comercial junto à Defesa
O militar da reserva Helcio Bruno de Almeida negou ter atuado como representante comercial da Suntech junto ao Ministério da Defesa. A negativa foi em resposta ao senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que citou notícias que apontam que o tenente-coronel da reserva teria atuado como facilitador da empresa em um contrato de R$ 33 milhões com o Ministério: ” Como representante comercial jamais [ atuei]. Sou consultor de defesa e segurança”, afirmou.
Testemunha se recusa a falar sobre seu relacionamento com Pazuello
Helcio Bruno de Almeida disse ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que não conhece e nunca esteve com Roberto Ferreira Dias nem com Marcelo Blanco, ex-integrantes do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Sobre seu relacionamento com o ex-ministro Eduardo Pazuello, Helcio evocou o seu direito ao silêncio. Sobre Jair Bolsonaro, informou que ambos foram contemporâneos na academia militar, mas que não têm relação próxima. A testemunha esclareceu que esteve algumas vezes com o chefe do Executivo, a última vez em maio de 2019, quando um grupo de militares foi recebido no Planalto.
Randolfe fala em ‘novo personagem’: Beep Saúde
Em resposta a Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Helcio disse acreditar que BR Med e Beep Saúde são a mesma empresa. Segundo Randolfe, o presidente da Beep participou da reunião do dia 12 de março no Ministério da Saúde, ocasião em que, segundo o senador, teria sido discutida uma mudança na lei que permitiu a compra de vacinas por empresas. Mas, apontou o senador, a pauta da Davati tomou a maior parte dos 15 a 20 minutos reservados para os visitantes: “Temos um personagem a mais. A Beep Saúde que também estava nessa reunião”, apontou Randolfe.
Senadores questionam recusa de respostas pelo depoente
Ao ser questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre pessoas que facilitaram a reunião de Helcio Bruno no Ministério da Saúde, e após recusa de resposta pelo depoente, os senadores enfatizaram ao tenente-coronel que ele só pode não responder as perguntas que o autoincriminem.
O advogado de Helcio, Sanzio Nogueira, disse em aparte que, a partir de decisão da ministra Carmem Lúcia e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, “o direito em decidir sobre o silêncio é exclusivo do convocado, por orientação de sua defesa”.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ponderou que a “subjetividade vale para ambas as partes, o que está implícito na decisão do STF”.
“É verdade que o depoente tem o direito de permanecer calado, mas naquilo que o incrimine. O presidente da CPI tem o poder, sim, de dizer: “esta pergunta não o incrimina e eu gostaria de ouvir a sua resposta”. E lá na frente podemos discutir na esfera judicial.
Senadores reforçam que direito a silêncio é limitado
Depois de Helcio Bruno se recusar a responder algumas perguntas, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reforçaram que o direito ao silêncio do depoente se limita a assuntos que possam incriminá-lo. Diante de algumas das questões de Renan, Helcio se limitou a ler trechos de sua apresentação inicial.
Com informações da Agência Senado e do UOL
Muito bom seus artigos sempre acompanho. obrigado por compartilhar