
Durante uma entrevista com o jornalista estadunidense Simon Romero em 2016, o então deputado federal Jair Bolsonaro declarou que quase comeu um índigena ao visitar uma comunidade indígena em Roraima, durante uma cerimônia canibal.
O vídeo que viralizou nas rede sociais durante a última semana e foi utilizado pelo campanha do ex-presidente Lula (PT) evidencia as características pertubadoras do homem que ocupa o Palácio do Planalto. Por mais que afirmar que Bolsonaro tenha comido carne humana seja inverdade, a intecionalidade do vídeo é revelar algo além: a falta de discernimento, culpa e integridade do presidente.
No vídeo, Bolsonaro declara que, durante uma visita a uma comunidade indígena em Sururucu, localizado em Vista Alegre (RO), havia falecido um integrante e os outros membros estavam o cozinhando. “Morreu um índio e eles estão cozinhando. Eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias e come com banana”, disse.
“E eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara falou ‘se for, tem que comer’. Eu falei, eu como! Como a comitiva não quis ir, porque tinha que comer o índio, não queriam me levar sozinho lá. Eu comeria o índio sem problema nenhum, é a cultura deles, e eu me submeti àquilo”, finaliza o presidente.
Ao destrincharmos a fala, é evidente o “grande problema” da situação: Bolsonaro mente, mas demonstra que cometeria canibalismo sem remorso.
Mais uma mentirada de Bolsonaro
Na última segunda-feira (10), o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Condisi-YY) Júnior Hekurari Yanomami desmentiu a fala carregada de xenofobia do mandatário sobre a cultura do canibalismo na comunidade indígena em Sururucu.
“Como um presidente que é candidato fala isso? Ele é uma pessoa que não conhece o Brasil. Meu povo não é canibal, não come humanos. Isso não existe nem nunca existiu, nem entre ancestrais”, declarou.
De acordo com indígenas, antropólogos e estudiosos, associar tradições indígenas com práticas canibalistas é um grande erro. Segundo Rodrigo Pateo, doutor em antropologia pela Universidade de São Paulo (USP), as falas de Bolsonaro mostram uma grande desinformação e preconceito com a cultura dos povos originários. “A afirmação de Bolsonaro é absurda. Após a morte, o defunto é colocado em uma espécie de cesta e pendurado em uma árvore em um local pouco frequentado da floresta. O corpo fica lá até a decomposição da carne, restando apenas o esqueleto”, coloca o pesquisador.
O grande problema Bolsonaro
Mas se o presidente mentiu mais uma vez, qual é a grande problemática da situação? É a falta de integridade, ética e a inversão de valores praticadas por Jair Bolsonaro. Ao afirma que comeria um cadáver, o chefe de Estado contraria os príncipios básicos da sociedade e da integridade biológica de um ser humano.
É a mesma intecionalidade, mas sem a execução do ato, de assassinos em série como o estadunidense Jeffrey Dahmer ou o assustador caso brasileiro dos Canibais de Garanhuns. Quando associamos a análise com os ataques de violência do mandatário contra jornalistas, mulheres e pessoas LGTBQIA+, a desordem de Bolsonaro e seus seguidores se torna assustadoramente evidente.
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Com quase quatro anos de governo, o atual presidente já demonstrou a capacidade destrutiva, inconsequente e sem cuidado com a vida dos brasileiros. A infeliz fala de Bolsonaro é somente mais um reflexo, uma confirmação do que ele representa.