O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, avaliou durante o UOL Entrevista de hoje que seria negativo se o presidente Lula (PT) resolvesse tirar algum dos ministros do partido do comando das pastas—- mas reiterou que a sigla seguiria apoiando o governo independente de cargos.
A entrevista foi conduzida pelos colunistas do UOL Leonardo Sakamoto, Josias de Souza e Carla Araújo.
Carlos Siqueira diz que ministros do PSB estão dando “muito certo”, mas pondera que decisão é exclusiva de Lula. Atualmente, estão na composição do governo os ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Márcio França (Portos e Aeroportos) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Vamos apoiar o governo com três, com dois, com um, sem nenhum cargo, por razões maiores. Se o presidente achar que deve mudar A, B ou C, ele muda, é um direito dele. […] É uma sinalização ruim se algum deles sair, porque os três estão dando certo nos ministérios que estão ocupando. Se o presidente quiser tirar, é outra coisa.
Carlos Siqueira ao UOL Entrevista
Siqueira também criticou o “presidencialismo de coalizão” e a troca de cargos em função do centrão. Presidente do PSB disse que forma de governabilidade do Brasil é única e prejudicial, considerando a figura de um presidente e de uma coalizão de partidos que venceram as eleições, mas que, mesmo assim, precisam acomodar membros da oposição em cargos decisórios.
É um acúmulo de deformações que nós, brasileiros, precisamos refletir sobre ele.
Até hoje, todas as coisas que ele propôs no Congresso foram aprovadas sem o centrão ter ministério, e acho que poderia continuar assim, sendo sincero. Quem fez reforma na constituição que teve quase 400 votos e, doravante, não parece ter nada de mudança na constituição, você não precisa dessa maioria tão ampla, de 3/5 [dos votos], mas da maioria absoluta, 50% + 1. Isso eu acho que é possível construir, sinceramente falando, sem a troca de cargos.
Carlos Siqueira também disse que, em sua visão, seria um erro se o ministro Flávio Dino, caso indicado, aceitasse uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
Siqueira comentava a possibilidade de Dino despontar como um nome competitivo para concorrer à Presidência, mas não cravou que o ministro tenha sinalizado interesse em ir nessa direção.
Seria um erro crasso, um erro muito grande e uma perda se ele aceitasse ir para o Supremo. Ele é um cidadão de 50 e poucos anos, é um quadro político que pode ter uma carreira pela frente — vamos nos esforçar para ajudá-lo na medida do possível — e precisa continuar na política. Agora, se ele vai ser candidato ou não… pode ser, por que não? Outros podem ser, por que não?