
O mês de abril é dedicado à Revolução da Moda pelo Fashion Revolution, um movimento global que atua para uma indústria da moda mais limpa, justa e transparente.
O Socialismo Criativo preparou uma série de matérias sobre a indústria da moda como uma expressão da economia criativa. Os textos são de Iara Vidal, representante do Fashion Revolution em Brasília e jornalista do portal, e serão publicados ao longo do mês de abril.
Siga a hashtag #FashionRevolution2021 e acompanhe os textos sobre o movimento.
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Moda tem poder de amplificar vozes
A Semana Fashion Revolution 2021 será realizada entre os dias 19 e 25 de abril em eventos digitais para abordar temas da moda de forma entrelaçada com os direitos humanos e os da natureza. Na visão do Fashion Revolution, as pessoas e o planeta são conectadas e interdependentes.
Se o meio ambiente não estiver saudável, nós também não estaremos. Precisamos revolucionar relacionamentos individuais e coletivos. Temos que considerar todas as pessoas da cadeia produtiva da moda e a Natureza.
“Nesta a Semana Fashion Revolution 2021, queremos mobilizar pessoas para além da nossa comunidade, amplificar vozes não ouvidas ou marginalizadas, e trabalhar juntos em prol de soluções inovadoras e interconectadas. Agora é a hora da revolução na moda!”
Fashion Revolution, mensagem 2021
Atividades mundo afora durante a pandemia
Em 2020, no primeiro dia da Semana Fashion Revolution, 20 de abril, o Brasil registrava 2.575 mortes por coronavírus. Quase um ano depois, o descontrole das medidas sanitárias pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) resultou em mais de 300 mil mortes pela Covid-19.
Além de prejudicar trabalhadoras e trabalhadores, mudar a forma de relacionamento interpessoal, hábitos e ânimo, o rastro do vírus exige mudanças na forma de consumir e de produzir e de se relacionar com a natureza. Não é só o vírus. O planeta já vivencia uma crise climática catastrófica.
Moda, ícone do capitalismo
A moda é a filha predileta do capitalismo. É um ícone que, com transparência nem sempre presente, revela a estrutura do modo de produção capitalista. Trabalhadoras e trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão ou precarizados, com grande vulnerabilidade econômica e social.
Poluição das águas por microplásticos liberados na lavagem de roupas feitas da fibra sintética mais usada, o poliéster; e dos solos, pelo uso abusivo de agrotóxicos para o cultivo de algodão, a fibra natural número um. Milhões de toneladas de resíduos têxteis mundo afora.
Os números da indústria da moda são superlativos. Em 2019, o setor alcançou receita anual de US$ 2,5 trilhões. Se fosse um país, a moda seria a 7ª maior economia do planeta. A gigante deixa um rastro à altura.
Segundo o relatório Fashion on Climate, do Global Fashion Agenda com a McKinsey and Company, a moda foi responsável, em 2018, por emitir cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Esse número corresponde a 4% das emissões globais e ao total de todas as emissões de CO2 da França, Alemanha e Reino Unido juntos.
Moda limpa, transparente e responsável
O Fashion Revolution atua por uma indústria da moda limpa, segura, justa, transparente e responsável. Para isso realiza pesquisa, levanta informação, promove educação e incentiva a colaboração e a mobilização.
A iniciativa pela Revolução da Moda acredita no poder de transformação positiva dessa indústria. Voluntárias e voluntários de mais de 100 nacionalidades, incluindo o Brasil, se dedicam a conscientizar sobre os impactos socioambientais da indústria da moda, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade.
Movimento surgiu dos escombros do Rana Plaza
O desabamento de um prédio de três andares onde funcionava uma fábrica de roupas em Daka, Bangladesh, no dia 24 de abril de 2013, revelou não só o amplo descumprimento com normas básicas de segurança no país – segundo maior produtor de roupas do mundo -, mas também o lado obscuro da indústria de roupas internacional.
O Fashion Revolution surgiu dos escombros do edifício Rana Plaza para combater a negligência e o descaso que causaram a morte de 1.134 trabalhadores e deixaram mais de 2.500 feridos. As vítimas trabalhavam para marcas famosas no mundo todo. Era mais uma entre as dezenas de fábricas locais, com a cadeia de lojas britânica Primark como um dos principais clientes.
Há menos de seis meses da tragédia, no mesmo local, um incêndio reduziu a cinzas uma fábrica que fazia roupas para a cadeia de supermercados Walmart. Cem trabalhadores morreram. Até então era o maior acidente industrial já ocorrido em Bangladesh. Até o Rana Plaza desabar.
A campanha #QuemFezMinhasRoupas surgiu para aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e o impacto que causa no mundo, em todas as fases do processo de produção e consumo. Realizado inicialmente no dia 24 de abril, o Fashion Revolution Day ganhou força e tornou-se a Semana Fashion Revolution, que conta com atividades promovidas por voluntários em uma centena de países.
Moda e o poder de mudanças positivas
No Brasil, o movimento promove desde 2014 a Semana Fashion Revolution. O evento é organizado em rede, nacionalmente, e conta com a participação de voluntários de 65 cidades nas cinco regiões do país. Envolve conversas, aulas, e exibição de filmes que sustentam mudanças de mentalidade e comportamento em consumidores, empresas e profissionais da moda.
O movimento, que hoje está estabelecido como Instituto Fashion Revolution Brasil, trabalha em parceria com diversos atores do setor na realização de outras atividades, como o Fórum Fashion Revolution, o Índice de Transparência da Moda e o Projeto Jovens Revolucionários.
Mais de 100 mil pessoas impactadas em 2020
A Semana Fashion Revolution 2020 ocorreu estritamente no ambiente digital. O evento impactou aproximadamente 100 mil pessoas em 65 cidades brasileiral, organizado por 65 representantes locais, 55 embaixadores em 114 escolas e universidades, comprometidos com a organização de mais de 200 eventos. Além disso, aproximadamente 500 marcas de vestuário se engajaram na campanha.
A mudança na moda é possível, participe
O propósito do Fashion Revolution é mostrar ao mundo que a mudança na indústria da moda é possível. A conscientização é o primeiro passo para que transformações sejam concretizadas. O caminho sugerido é criar conexões e exigir práticas transparentes na indústria da moda.
Como uma primeiro ação, participe da campanha nas redes sociais, siga o perfil do Fashion Revolution Brasil no Instagram e:
- Faça uma selfie com a etiqueta da marca que está vestindo
- Pergunte na legenda: @nomedamarca #QuemfezMinhasRoupas? #DoQueSãoFeitasMinhasRoupas? #aCorDeQuemFezMinhasRoupas? e #FashionRevolution
- Poste e faça parte do movimento!