
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB) assumiu pessoalmente a dianteira da interlocução da equipe de transição do governo Lula com os militares. De acordo com o Metrópoles, foi com o aval do presidente eleito que Alckmin conversou nos últimos dias, em Brasília, com alguns militares de alta patente, para distensionar a relação.
Nas conversas com o vice-presidente eleito, militares defenderam a nomeação de um civil de perfil “moderado” para comandar o Ministério da Defesa no governo do petista.
O presidente eleito já deixou claro que pretende retomar a tradição de um civil comandar a pasta. Essa tradição foi quebrada em 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro (PL), que só indicou generais como ministros.
O próprio Alckmin é um dos cotados para ser ministro da Defesa de Lula. O nome do vice-presidente eleito é bem visto por militares por ser moderado e ter histórico de boa relação com a caserna.
Além de Alckmin, outros aliados de Lula têm ajudado a reestabelecer pontes com militares. Entre eles, o senador Jacques Wagner (PT-BA), que já foi ministro da Defesa, e o ex-ministro do Superior Tribuanal Federal (STF), Nelson Jobim.
Amplas atribuições para Alckmin como preparação para governo
A decisão de entregar a Alckmin amplas atribuições faz parte da parceria que Lula espera ter com seu vice no governo, segundo aliados de ambos. Durante a campanha, o petista dizia em reuniões privadas que espera que Alckmin participe das reuniões do conselho de governo.
O petista tem reiterado que a primeira fase de seu governo será marcada por viagens internacionais. Nesses momentos, diz o presidente eleito, a Presidência precisa ser exercida por um nome de confiança e que não cause surpresas. O comportamento de Alckmin na equipe de transição tem sido observado como uma prévia desse papel.
Para cumprir essa função durante o governo, Alckmin disse a políticos de confiança que não gostaria de ocupar um ministério. Ele verbalizou essa preferência numa conversa com o próprio Lula. Para o ex-governador, concentrar suas atenções numa área específica do futuro governo prejudicaria a função de “copiloto” delegada a ele pelo futuro mandatário.
Além do mais, a entrada e a melhor recepção do pessebista em setores do empresariado é usada como um trunfo pelo PT, que destacou o vice para dialogar também com esses setores.