No primeiro trimestre deste ano, 941,3 km² do território da Amazônia Legal foram desmatados, o que representou uma alta de 54% no desmatamento, se comparado com janeiro, fevereiro e março de 2021. Os dados são do Deter, sistema de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgados nesta sexta-feira (8).
Segundo o levantamento, a Amazônia registrou 312,23 km² de desmatamento apenas em março, índice 15% menor do que o mesmo período, em 2021. Mesmo com a tímida redução, o primeiro trimestre de 2022 foi o pior registrado na série histórica do Inpe. A área equivale a quase três vezes o estado do Goias.
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No começo de março, o órgão divulgou os alertas de desmatamento de fevereiro, que chegavam a 199 km². Tratou-se do maior indicador para o mês desde 2016, início da série histórica do Deter-B. Houve um aumento de 61% em comparação com fevereiro do ano passado.
No Twitter, o Greenpeace compartilhou uma foto da área desmatada. Confira:
Segundo dados divulgados hoje pelo Deter/Inpe, em março foram 312 km² com alertas de desmatamento na Amazônia, fechando o pior trimestre da série histórica. Na foto, desmatamento gigantesco registrado em março deste ano, em Lábrea (AM) ?. #TodosPelaAmazônia pic.twitter.com/KqmHKJUnKF
— Greenpeace Brasil (@GreenpeaceBR) April 8, 2022
Contradição do governo
Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, lembra que a divulgação dos dados ocorre na mesma semana em que o Brasil divulgou suas novas metas para redução das emissões de gases do efeito estufa, sendo que o desmatamento é a principal fonte de liberação do carbono no país.
“A conservação de florestas e outros ecossistemas está entre as soluções apontadas pelo IPCC para limitar o aquecimento do planeta em 1,5ºC . No entanto, o Brasil, que teria plenas condições de ser uma liderança climática, passa por uma gestão federal que caminha deliberadamente na direção oposta, agindo de maneira incompatível com os avisos da ciência”, afirmou Mazzetti.
No documento enviado ao órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) no combate às mudanças do clima, chamado de Nationally Determined Contribution (NDC), o país prevê reduzir suas emissões, em 2025, em 37% na comparação com 2005. Além disso, se compromete, em 2030, com a redução de 50% em relação a 2005.
Na análise de especialistas, os compromissos assumidos pelo país vão contra a proposta do Acordo de Paris, que estipulava a inclusão de metas mais ambiciosas na revisão. Além disso, compromissos assumidos durante a COP 26 (acabar com o desmatamento ilegal antes de 2030 e redução na emissão de metano) não foram incluídos na NDC.
Desde 2019, o governo Jair Bolsonaro tem sido alvo de pressão no Brasil e no exterior diante do aumento dos níveis de devastação florestal, sobretudo na Amazônia.