O presidente Jair Bolsonaro está há quase dois anos sem partido, após se desfiliar do Partido Social Liberal (PSL), por conta de atritos com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE). Atualmente, o mandatário tenta uma filiação ao Partido Progressista (PP), após o fracasso em criar uma legenda do zero, a Aliança pelo Brasil. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com a cúpula do PP, a filiação de Bolsonaro é quase certa e em troca dessa migração, o presidente deverá ter o direito de escolher os candidatos ao Senado de estados considerados como os principais. Quanto à resistência que a filiação do chefe do Executivo ainda sofreria dentro do partido, os dirigentes do PP afirmam que 90% dos diretórios estaduais da sigla concordam em receber Bolsonaro.
Um dos entraves à entrada do presidente na legenda, viria do próprio Arthur Lira (PP-AL), que temia que com Bolsonaro no PP, sua tentativa de reeleição à presidência da Câmara poderia ser prejudicada. No entanto, segundo informações do partido, Lira já concordou com a migração de Bolsonaro e a resistência, agora, estaria apenas localizada na cúpula nordestina do PP.
Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e presidente licenciado da sigla, está no comando da aliança entre Bolsonaro e o PP. Segundo ele, a resistência do Nordeste não chega a ser um entrave de fato.
O partido marcou o início da carreira política de Bolsonaro, e embora anteriormente o próprio presidente e seus aliados tenham rechaçado o Centrão, hoje essa alternativa é a base de sustentação política do governo no Congresso. Além do próprio comando da Câmara, o PP é a quarta maior bancada da Casa, com 42 deputados, bem como também tem a quarta maior bancada do Senado, com 7 parlamentares.
Por conta das incertezas em torno de sua filiação ao PP, Bolsonaro também chegou a articular o ingresso em outras legendas como o PRTB, o Patriota, e o PTB. Tanto no PTB quanto no Patriota, a possibilidade de filiação do presidente gerou crises internas. O filho 01 do mandatário, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), inclusive, chegou a migrar para o Patriota, no entanto, também deve sair da sigla.
Aliança pelo Brasil
Quanto à tentativa de Jair Bolsonaro e aliados de criar uma nova legenda do zero, o Aliança Brasil, o projeto tem sido um fracasso. As empreitadas em torno da sigla, que seria comandada pelo presidente, tiveram início em 2019. O objetivo era que o partido bolsonarista fosse criado a tempo de disputar as eleições municipais de 2020, porém com a pandemia e o baixo número de assinaturas, esse alvo foi abandonado.
Para criar uma nova sigla, o grupo precisaria conseguir assinaturas de 492 mil eleitores, a fim de pedir seu registro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em quase dois anos de recolhimento de apoio, porém, só obtiveram 140 mil fichas consideradas aptas.
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O presidente formal do Aliança é Bolsonaro, que não participa mais das tentativas de criar a agremiação. A frente da legenda efetivamente está o vice-presidente, o empresário Luís Felipe Belmonte. Na prática, ele é o principal responsável pela sigla, que tem Flávio Bolsonaro como outro vice.
De acordo com Belmonte, os trabalhos para lançar o Aliança Brasil continuam. “Enquanto estiver no prazo, vamos continuar trabalhando. Só vou falar que não deu depois que não der, mas, por enquanto, estou achando que dá”, disse ao jornal Folha de S. Paulo.
Histórico de filiações de Bolsonaro
Desde o início de sua vida política, Jair Bolsonaro passou por oito partidos. O número chega ser maior pelas constantes mudanças e fusões entre legendas. Vale ressaltar que a origem da maior parte dos partidos que Bolsonaro fez parte está na Arena, partido de sustentação do regime militar (1964-1985).
1988
É eleito vereador, aos 33 anos
- PDC (Partido Democrata Cristão) – sigla acabaria se fundindo em 1993 com o PDS de Paulo Maluf
1993
Em seu primeiro mandato como deputado federal
- PPR (Partido Progressista Reformador) – sigla surge da fusão do partido de Bolsonaro, o PDC, com o PDS, comandado por Maluf e principal herdeiro da Arena, o partido de sustentação do regime militar (1964-1985)
1995
Em seu segundo mandato como deputado federal
- PPB (Partido Progressista Brasileiro) – sigla nasce da fusão do partido de Bolsonaro, o PPR, com o PP (Partido Progressista), de breve existência —havia sido criado dois anos antes a partir da fusão de PTR (Partido Trabalhista Renovador) e PST (Partido Social Trabalhista)
2003
Em seu quarto mandato como deputado federal
- PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – Deixa o PPB para se filiar ao PTB de Roberto Jefferson. Ficaria na sigla por cerca de dois anos
2005
Em seu quarto mandato como deputado federal
- PFL (Partido da Frente Liberal) – tem breve passagem pelo partido presidido à época por Jorge Bornhausen. A sigla depois virou DEM e, agora, aprovou sua fusão ao PSL para virar União Brasil
- PP (Partido Progressista) – volta à sigla (que em 2003 mudou o nome de PPB para PP) pela qual, com outro nome, iniciou sua carreira política.
2016
Em seu sétimo mandato consecutivo como deputado federal
- PSC (Partido Social Cristão) – filia-se à sigla nanica já com o objetivo de disputar a Presidência da República
2018
Candidato à Presidência da República
- PSL (Partido Social Liberal) – depois de romper com o PSC e fracassar entendimentos para ingresso em siglas como o Patriota, se filia ao partido de Luciano Bivar, com quem também rompeu após a eleição
2019
Presidente da República
- Aliança pelo Brasil (em montagem) – após romper com o PSL, anuncia a criação do Aliança pelo Brasil. O projeto, porém, até hoje não obteve apoio popular suficiente para sair do papel
2021
Pré-candidato à reeleição à Presidência da República
- PP (Partido Progressista) – depois de deixar viúvas pelo caminho, entre elas o Patriota, tenta fechar acordo para voltar à sigla pela qual, com outro nome, iniciou a carreira política
Com informações do jornal Folha de S. Paulo