
O anúncio feito pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que deixará o cargo foi comentado pelo líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ). O chanceler, envolto em polêmicas que foram acentuadas durante o final de semana, não suportou a pressão de parlamentares e comunicou à equipe do Itamaraty que deixará o posto ainda nesta segunda-feira (29).
“Araújo mais atrapalhou do que ajudou”, diz Molon
Pelas redes sociais, Molon afirmou que Araújo mais atrapalhou do que ajudou e que tomou decisões erradas todos os dias. “Uma das piores foi brigar com o mundo, acabar com a nossa reputação e, com isso, colocar o Brasil em último na fila da vacina. Estamos de olho no próximo chanceler!”, escreveu o socialista.
Araújo pode ser substituído por olavista
A saída de Araújo foi comunicada pelo próprio chanceler a subordinados em reunião realizada na manhã desta segunda. Segundo pessoas próximas, ele vai apresentar o pedido de exoneração ainda hoje ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Um dos nomes mais cotados para a vaga dele, segundo o UOL, é o do embaixador do Brasil em Paris, Luís Fernando Serra, que já estaria no Brasil para acertar o cargo com o governo. O diplomata é tido como um olavista e sua indicação para o cargo seria uma continuidade da força da ala ideológica no governo, o que pode não ajudar a arrefecer a crise.
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Araújo causou descontentamento no Congresso
O ministro das Relações Exteriores já vinha sendo pressionado pelo Congresso. Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, pressionaram o presidente da República a demitir o chanceler. Lira chegou a dizer que Araújo perdeu a capacidade de dialogar com países.
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Neste domingo (28), Araújo fez uma postagem nas redes sociais na qual insinuou que a pressão por sua saída não teria ligação com a sua dificuldade em negociar vacinas contra a Covid-19, mas sim com o debate sobre o banimento ou não da empresa chinesa Huawei na implantação da tecnologia 5G no Brasil. O chanceler atacou diretamente a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO). Senadores saíram em defesa da colega. Foi a gota d’água.
Além da movimentação no Senado pela saída do ministro, circula nos gabinetes do Palácio do Itamaraty documento com o apoio de mais de 300 diplomatas criticando a atuação de Araújo e pedindo a sua saída. Apesar de contar com o respaldo de um número significativo, a carta é apócrifa “por uma questão de preservação”, já que muitos poderiam sofrer retaliação.
Com informações de O Globo e UOL