A ex-BBB e maquiadora, Ariadna Arantes (PSB) contou ao Socialismo Criativo que pretende conquistar um mandato de deputada federal para ajudar na conquista de leis que garantem direitos à comunidade LGBTQIAP+.
Ela critica que muitas das conquistas desse segmento, como o direito à união estável e a equiparação da homofobia e transfobia ao racismo, foram decididas pelo Judiciário (STF) e não pelo Congresso Nacional.
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Filiada ao PSB, ela que também é maquiadora foi a primeira participante trans na história do reality show e só revelou seu gênero quando deixou a casa.
Ariadna é uma das brasileiras que vocaliza críticas à intolerância religiosa, ao apontar que uma maioria de deputados cis, branco e normalmente cristão favorecem apenas às suas igrejas, quando a Constituição Federal propõe o respeito a todas as regiliões.
“Por ser filha de Orixá, do candomblé, por também ser bruxa da wicca, eu preciso também lutar para garantir a liberdade religiosa que tá na Constituição, mas que ela não é exercida”, diz a pré-candidata.
O bate-papo com o portal ocorreu no último sábado (20) no Ato Pela Democracia, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com a presença do ex-presidente Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB).
Quais serão suas bandeiras na candidatura de deputada federal?
Ariadna – Minhas bandeiras são as causas minoritárias, mulheres, liberdade da nossa diversidade. E também o combate à intolerância religiosa que é muito importante, educação e segurança, mais acesso e segurança das pessoas.
Projetos de leis que aproximem mais a segurança. Muitos desses crimes que são cometidos, principalmente pela internet, a gente tá dentro da nossa casa e tá sendo agredida. Então que esse acesso seja mais acessível às pessoas.
A população trans carece dessa representatividade no Congresso Nacional – você está chegando lá para fortalecer essa comunidade?
Ariadna – Com certeza, para agregar. Infelizmente hoje em dia nós sabemos que a maioria das leis que existem, que são favoráveis à nossa comunidade, os gays, lésbicas, transsexuais, queers, LGBTQIAP+, são decididas pelo judiciário, e não pelo plenário [do Congresso], efetivamente porque não temos uma representação.
Então eu não quero tá entrando sozinha também, eu espero que exista uma bancada. Não é sobre mim, é sobre todas nós.
A gente tem visto uma intolerância religiosa crescente no Brasil. Como combater?
Ariadna – Com certeza, por ser filha de Orixá, do candomblé, por também ser bruxa da wicca, eu preciso também lutar para garantir a liberdade religiosa que tá na Constituição, mas que ela não é exercida.
Porque dentro do plenário [do Congresso] é sempre a mesma história, aquele homem branco, conservador, cristão da igreja, que tá impondo as leis dele, favorecendo a igreja, o cristianismo, os evangélicos e todas as outras religiões sendo demonizadas e atacadas diariamente.
Hoje em dia tem até traficante evangélico destruindo terreiros de candomblé, da umbanda, e eu tô aqui exatamente para isso, para lutar por essas pessoas, para servir por viver na pele.
Às vezes as pessoas falam assim: “qual experiência política você tem?“. Eu já milito há 11 anos na internet nas causas que acredito, eu só decidi federalizar agora minha candidatura porque a maturidade vem com o tempo.
Então assim, não tem experiência melhor do que você ser preta, ter nascido na favela, ser do do candomblé, ter da wicca, ser mulher e ser mulher trans, a vida aqui na veia, na pele, não tem experiência melhor que essa.