O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), admitiu pela primeira vez que se posicionará em breve sobre os mais de 100 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) engavetados na Casa.
“Vamos nos posicionar muito em breve sobre grande parte deles”, garantiu Lira. O parlamentar, em outra ocasião, declarou que a maioria dos argumentos não justificam o impedimento do presidente da República.
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Para Lira, tragédia atual não justifica impeachment
Lira, que foi alçado à presidência da Câmara com o apoio do governo, afirmou que, apesar do momento de dor causado pela pandemia da Covid-19, “temos a obrigação de trabalhar uma estrutura para trabalharmos a viabilidade no Brasil apto a se recompor rapidamente no cenário econômico”.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes na manhã desta quarta-feira (26), Lira reforçou o discurso que tem adotado desde que a discussão sobre impeachment contra o presidente deve ser feita com “muita responsabilidade”. Segundo ele, não é o presidente da Câmara que estrutura o processo de impedimento, mas a conjuntura política e nacional de um país.
“Quando [o presidente] perde a capacidade política, perde a capacidade de gestão econômica, cria no Brasil uma condição de desemprego absurda, cria uma condição de inflação incontrolável” afirmou o deputado. Lira, então, ponderou que não enxerga essa situação atualmente no país.
Ventos da centro-direita
Questionado sobre a afirmação que fez de que Bolsonaro estaria em seu “pior momento” e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no “melhor momento”, Lira criticou a repercussão na imprensa e denunciou que a fala foi tirada de contexto.
O parlamentar avalia que pesquisas eleitorais são “retratos de momento” e que, diante do atraso da vacinação e da CPI da Pandemia, Bolsonaro não atravessa o momento com grande eleitorado. Porém, Lira acredita que é algo passageiro.
Para as eleições de 2022, o deputado diz que “ainda está muito cedo” para especular o pleito, mas avalia que Bolsonaro e Lula “são os mais fortes”. No entanto, em um possível embate entre os dois políticos, o parlamentar acredita que “os ventos que sopram no Brasil ainda são o vento de centro-direita”.
Apesar de não acreditar em uma “terceira via”, Lira enfatiza que quem deve decidir o resultado das eleições é o “eleitor do meio”. Em sua avaliação, o pleito do ano que vem deve ser “polarizado, mas sem extremismos”.
“Acredito sempre na política como solução dos problemas e que muitas matérias que temos trabalhado muito aqui vão dar uma maior musculatura ao Brasil para o futuro, e vão refletir, não tenho dúvida, na eleição de 22.”
Arthur Lira
Lira quer acelerar vacinação contra covid
Lira reforçou o compromisso da Câmara na campanha de imunização contra a Covid-19 no país. Segundo ele, “estamos trabalhando incansavelmente, incessantemente, procurando alternativas, apertando quem tem apertar, cobrando quem tem que cobrar”.
Ele afirma que, nas últimas três semanas, se reportou “umas cinco vezes” com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para ajudar na aceleração da vacinação.
O deputado afirma que, ao invés de o Programa Nacional de Imunização ter como foco vacinar pessoas com comorbidades, o ponto deveria “ir descendo pelas idades” para atingir o maior número de vacinados. “Acho que estar descendo pela idade estará atingindo maior número de pessoas e sempre que chegar uma pessoa com comorbidade bem evidente ela teria prioridade”.
Segundo ele, ter que comprovar a comorbidade com atestado médico dá brecha para a população mentir sobre o estado de saúde. “A gente tem medo que nesse ‘jeitinho brasileiro’ os atestados comecem a proliferar de maneira sem tanta veracidade”, declarou.
Para Lira, CPI da Pandemia é inoportuna
Lira ainda criticou a instauração da CPI da Pandemia no Senado. Segundo ele, o ‘timing‘ é inoportuno pois modifica a atenção do Ministério da Saúde, que agora “está focado em resolver demandas da CPI”. “O momento é inadequado, não vai produzir, ressalvados os interesses de parcialidade, um relatório justo”, avalia. Para ele, a CPI não será “boa para o Brasil se não apresentar soluções”.